Na semana passada, o governo do estado sancionou o Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf). Com a regulamentação, as agroindústrias de origem animal que estiverem cadastradas no Sistema de Inspeção Municipal (SIM) poderão vender seus produtos a todo o estado.
A partir de agora o governo criará a regulamentação, que deve levar em torno de 30 dias. Hoje há 8.160 agroindústrias, sendo que 530 estão legalizadas.
De acordo com o autor do projeto, deputado estadual Edegar Pretto, a medida ampliará a geração de renda e dará condições para a produção e a inclusão dos pequenos agricultores na economia estadual. Ele estima que o Susaf beneficie em torno de 30 mil agricultores.
Pretto ressalta que essa é uma conquista dos trabalhadores rurais e que a iniciativa é uma ação concreta e efetiva no sentido de manter o homem no campo, oferecendo um trabalho justo. “Queremos que pelo menos 30% todas as compras institucionais em hospitais, presídios, escolas, sejam feitas nas pequenas propriedades rurais.”
Hoje, em torno de 95% das agroindústrias familiares gaúchas têm autorização para vender sua produção dentro de seu município, por meio do SIM, mas não têm a autorização da Coordenadoria de Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal (Cispoa), o que os impede de vender para demais municípios do estado.
Segundo o presidente das agroindústrias do estado, Ricardo Fritsch, a desinformação e as formalidades exigidas para trabalhar no meio são as principais dificuldades do setor. Ele ressalta que as questões financeiras, tanto em adequações sanitárias como ambientais, geram resquícios por parte dos produtores no momento de iniciar ou manter a atividade.
Fritsch observa que o custo médio para iniciar uma agroindústria de embutidos, por exemplo, é de R$ 150 mil. No entanto, as linhas de crédito oferecidas pelo Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf) oferecem mais segurança para investir no meio. O Mais Agroindústria oferece R$ 50 mil, para ser pago em dez anos com juros de 2% ao ano. Com a mesma linha de crédito, o Mais Alimento oferece R$ 150 mil.
Para ele, o Susaf traz à tona uma discussão no meio agroindustrial, repassando mais informações aos produtores. Fritsch ressalta que a atividade agroindustrial poderá ser expandida, pois hoje a maioria da produção provém de municípios pequenos, que não conseguem absorver toda mercadoria. “Por meio do projeto, haverá oportunidade de aumentar as vendas e o empreendimento.”
Fritsch observou que o Susaf só será válido para quem tem o SIM, sendo que no estado, apenas 204 municípios estão cadastrados no sistema.
Interessados em participar o programa devem entrar em contato com a Secretaria Municipal da Agricultura ou Emater/Ascar-RS.
Apoio à permanência jovem
Uma das grandes preocupações de órgãos estaduais ligados ao meio é quanto ao êxodo rural. Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura, Elton Weber, o programa ajuda a desburocratizar o sistema de agroindústrias.
Ele observa que por meio do Susaf, o jovem estará mais confiante em permanecer no campo, sendo que este busca mais conforto e estabilidade econômica. “O programa, somado a outros oferecidos pelo estado, oportuniza uma segurança na atividade agropecuária, oportunizando assim, a permanência do jovem no campo.”
A proprietária de uma agroindústria de embutidos, Janete Pflugseder, 40, do bairro São Bento, em Lajeado, diz que participará do Susaf. Ela tem dois filhos de 12 e 13 e anos e acredita que se o mercado for mais promissor, haverá um futuro garantido para que eles fiquem na atividade.
Sua agroindústria foi fundada em 2008 e desde então tem o SIM. O investimento inicial foi de R$ 300 mil. “Mesmo que nos exijam novas adaptações, faremos, pois o programa é fundamental para as vendas.”
São produzidos 13 tipos de embutidos, além de um açougue. Por semana, são industrializados 900 quilos e vendidos 250 quilos de carne. Ela acredita que essa é uma grande oportunidade. Segundo ele, hoje, o mercado está saturado, não pode produzir mais.