Diocese aplica lei e retém dinheiro das comunidades

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Diocese aplica lei e retém dinheiro das comunidades

O sistema financeiro centralizado que será estendido as cerca de mil comu­nidades católicas atendidas pela Diocese de Santa Cruz do Sul tem gerado dúvidas entre os fiéis.

Desde meados do ano, a en­tidade realiza encontros para informar a nova forma de captação dos recursos e orien­tação dos investimentos.

igrejaEmbora esteja no regimen­to da igreja desde os anos 1970, há poucos anos as re­gras entraram em prática na região. Segundo o padre Roque Hammes, a cada mês as paróquias devem recolher 10% dos valores oriundos de dízimo e promoções e repas­sar o valor à diocese. Esse valor se somará aos 25% de um salário mínimo cobrados dos fiéis a cada ano.

O dinheiro será aplicado na sua estrutura e equipe de profissionais que ajudam na administração de todas as comunidades. Entre os benefícios oferecidos está o acompanhamento de contra­tações, obras e recolhimento de tributos, como o INSS e Im­posto de Renda.

Investimentos maiores, custeados pelas comunida­des, deverão ser aprovados pela diocese. Segundo Ham­mes, a medida mantém a circulação de dinheiro dentro dos parâmetros legais e evita “contratempos que poderiam ser evitados com o acompa­nhamento do setor adminis­trativo.”

Embora o processo se torne mais demorado para investi­mentos altos, os gastos “nor­mais” seguem sob controle das comunidades. “Diferen­te do que dizem, não será necessária licitação para a compra de uma lâmpada, por exemplo.”

Devido a um financiamen­to no valor de cerca de R$ 300 mil feito há dois anos para a ampliação da sede da admi­nistração e no prédio da Cú­ria, em Santa Cruz do Sul, a Mitra opera em déficit finan­ceiro. Segundo ele, a busca pe­los recursos não se relaciona com as dívidas.

Fiéis divididos

O presidente da comunidade católica São Paulo de Picada Ser­ra, em Marques de Souza, Alcione Zangalli diz que os 10% não são cobrados no local. Teme que o novo tributo divida as opiniões dos 40 associados e resulte na perda de fiéis. Para ele, as comunidades de­veriam ter autonomia para os in­vestimentos.

Mesmo assim, a diocese deve en­contrar formas de buscar recursos para seus gastos fixos e promover a evangelização. Os fiéis esperam pela visita dos representantes da igreja para discutir a nova forma de arrecadação. Perguntarão se será possível criar um caixa co­mum para o custeio de obras para que não seja necessário recorrer a empréstimos e pagar juros.

Supervisão técnica

O padre Franscisco Ho­chscheidt é responsável por visitar as comunida­des e tirar dúvidas sobre a adaptação ao sistema.

Segundo ele, a maior parte delas recebeu a no­tícia com tranquilidade. “Quem não esteve nas reuniões deve consultar o pároco local.” Ele diz que não há um prazo de adesão e que a adminis­tração centralizada au­menta a idoneidade da aplicação do dinheiro.

A Paróquia Santo Inácio de Loyolla, em Lajeado, teve problemas com a falta de orientação admi­nistrativa durante a obra que segue até meados de 2012. Há menos de um mês ela ficou paralisada por uma semana.

A equipe de fiscalização do Conselho Regional de Engenharia Arquitetu­ra e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea-RS) entendeu que exigências para a segurança dos trabalhadores não esta­vam sendo respeitadas. O padre Antônio Puhl diz que o problema poderia ser evitado com o acom­panhamento técnico da equipe de Santa Cruz do Sul. Cada comunida­de segue cuidando de seu dinheiro e prestará contas à paróquia. Esta, submetida ao controle da Diocese.

A Santo Inácio é uma das maiores comunida­des da região e arrecada mensalmente cerca de R$ 15 mil em dízimos. Para o religioso, os 10% arre­cadados são necessário para financiar melhorias na diocese e custear a equipe de profissionais que está sempre à dispo­sição das comunidades.

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