A partir de janeiro de 2012, o pagamento mínimo da fatura mensal do cartão de crédito subirá de 15% para 20%. A falta de planejamento de gastos e juros entre 9% a 15% estão entre os principais fatores de endividamento e “nome sujo” no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).
Dados da Caixa Econômica Federal (CEF) de Lajeado indicam que o índice de inadimplência com cartão de crédito no município é de 5%, em média.
Para quem opta pelo pagamento da parcela mínima, ao longo de um ano, a conta pode ficar até 300% maior. Para a economista e professora da Univates Julia Elisabete Barden, o aumento da parcela mínima é uma forma das operadoras de cartões de crédito segurarem a inadimplência em um patamar administrável.
O atraso é um atrativo para os credores devido à elevada taxa de juros e outros encargos. Diferente de outros meios de pagamento, como o talão de cheque, muitas pessoas não fazem registros e perdem o controle sobre os gastos. Segundo ela, as operadoras incentivam o pagamento do valor mínimo e o parcelamento do restante. Sistema que aumenta o endividamento. “As armadilhas se multiplicam pela quantidade de cartões que se tem.”
Quando bem utilizado, o cartão de crédito é um aliado no planejamento das finanças pessoais, pois possibilita concentrar o pagamento em um único dia do mês. Caso haja dificuldade em quitar o total acumulado, a dica é optar pelos financiamentos bancários.
A crediarista Grasiela Spohr diz que há um aumento do uso de cartões de crédito que se reflete na redução na abertura de crediários. Na loja de confecções e calçados onde trabalha, seu uso supera os parcelamentos desde fevereiro.
A mudança representa mais segurança contra a inadimplência que chega perto de 4%, mas reduz o contato com o cliente.
Grasiela acredita que a procura pelo crediário não se extinguirá. Segundo ela, muitos jovens aguardam ansiosos os 18 anos para terem acesso a essa modalidade de crédito.
Controle de gastos
Há três anos, a pensionista Vera Borba, de Estrela, teve problemas com os três cartões de crédito que possuía. Perdeu o controle das contas e os juros a endividaram. Segurou os gastos e após quitar as pendências, optou por concentrar as despesas em um.
Ficou mais fácil calcular os gastos e a cada mês pagar o valor total da dívida. “Tenho reduzido os crediários e tento pagar à vista sempre.” Ela não utiliza as milhas aéreas e outros benefícios e cita a segurança dos cartões como um dos atrativos desta linha de crédito.
O gerente de uma loja de eletrodomésticos, Sérgio Xavier, recomenda cuidado com os limites dos cartões. Muitas vezes não correspondem ao ganho real dos usuários e seus custos fixos, como alimentação e moradia.
Despesas viram milhas aéreas
A agente de viagens Iedi Schnorr diz que os cartões Visa e Mastercard com taxas mensais mais altas oferecem a possibilidade de converter compras em passagens aéreas. Cada US$ 1 vale uma milha. Para uma viagem a São Paulo se gasta em média 200, para Europa são necessárias em torno de 14 mil.
O prazo de validade dos bônus é de dois a três anos. No país, as companhias de aviação Gol e Tam oferecem o serviço. Para ter direito é necessário se cadastrar no site das empresas e ligar para a operadora do cartão informando os dados que aparecem na fatura das compras, a transferência é automática.
Prós e contras dos cartões de crédito
A favor
– Possibilidade de definir dia de pagamento das despesas;
– Milhagem em companhias aéreas;
– O pagamento à vista garante descontos;
– Senhas garantem segurança;
– Possibilita compras pela internet.
Contra
– Juros de 9% a 15% sobre a dívida acumulada;
– Dificulta o cálculo da despesa cumulada;
– Débito automático estimula compras por impulso;
– Tarifa extra de 6,38% para compras em moeda estrangeira;
– Parcelamento excessivo das compras.