Famílias continuam sem previsão de receber casas

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Famílias continuam sem previsão de receber casas

O Fundo Municipal da De­fesa Civil foi aprovado pelos vereadores na ses­são de terça-feira, depois da polêmica envolvendo Executivo e Legislativo sobre a suposta demo­ra na votação do projeto. O controle na captação e aplicação dos recursos do fundo será feito por um conselho formado pelo Corpo de Bombeiros, Uambla, Defesa Civil regional, secre­tarias da Fazenda (Sefa), do Traba­lho, Habitação e Assistência Social (Sthas) e de Obras e Serviços Urbanos (Sosur).a

A partir disso será possível receber recursos do governo federal, libera­dos após a aprovação do Decreto de Emergência. Num primeiro momen­to serão enviados R$ 60 mil para despesas consideradas urgentes, como medicamentos, alimentação e demais mantimentos para as 362 fa­mílias que estão desabrigadas desde 21 de agosto.

Segundo o coordenador da Defesa Civil, Luis Felipe Finkler, será preci­so criar projetos unindo governos municipal, estadual e federal para angariar recursos e construir novas moradias para 120 famílias que ti­veram suas casas interditadas. “É preciso deixar claro que a criação do fundo não servirá para construção de casas, mas para custear as des­pesas imediatas das famílias atingi­das.”

A secretária da entidade, Carina Lopes afirma que pela primeira vez a cidade conseguiu homologar um decreto de emergência e com isso será possível encaminhar projetos para ajudar todas as famílias atingi­das. Segundo ela, foram analisados 15 terrenos que se enquadram no padrão exigido pelo governo federal para liberar a construção de casas populares.

Sem moradia há dois meses

O salão paroquial se transformou em um albergue, onde pessoas dividem espaço com cachorros, gatos e galinhas. Lá vivem 11 famílias que tiveram suas residências interditadas pela Defesa Civil, e que aguardam deci­são dos órgãos públicos para decidirem seus futuros. O local é inapropriado para a privacidade das pessoas. Qua­se tudo é repartido. O varal, localizado em um terreno baldio nos fundos da igreja, é coletivo.

Iraci da Cruz Ferrão, 65, lembra o desespero vivido no dia da enchente. “Só deu tempo para salvar nossas vidas.” Com problemas de depres­são, Iraci toma remédios controla­dos e afirma que sua saúde piorou depois que foi para o alojamento. “É muita gente no mesmo prédio. Que­ro nosso canto de volta.”

O pouco espaço é a principal recla­mação dos alojados. No local há só dois banheiros para mais de 50 pesso­as. “E eles estão sempre sujos.” Muitos flagelados tiveram que reorganizar o transporte para a rotina de trabalho e escola.

As crianças estão com poucas rou­pas e material escolar. Graziela da Cruz tem seis filhos e diz que as famí­lias almoçam e jantam sentadas nos colchões doados, pois não há cadeiras ou mesas. À noite, crianças choram e impossibilitam o descanso da maioria.

Quem quiser doar móveis ou dinhei­ro pode ligar para a Defesa Civil pelo 3982-1042. As famílias necessitam de guarda-roupas, mesa, cadeiras, camas de solteiro, material escolar e roupas para crianças.

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