Jovens abusam da pílula do dia seguinte

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Jovens abusam da pílula do dia seguinte

Levantamento realizado pela reportagem do jornal A Hora com sete farmá­cias de Lajeado constatou o aumento na compra da chama­da pílula do dia seguinte, usada para prevenir a gravidez depois da relação sexual. Segundo os far­macêuticos, as adolescentes abu­sam do medicamento e o utilizam de forma incorreta.

A ginecologista Ana Paula Mot­ta alerta sobre os riscos do uso desenfreado da pílula, que pode causar câncer no útero, altera­ção do ciclo menstrual e tempo de ovulação, retenção de líquidos, espinhas e dor nas mamas. Ela es­clarece que a pílula pode ser usa­da, no máximo, uma vez a cada dois meses. “Porém, há casos em que meninas a usam duas vezes por semana”.

O medicamento é vendido nas drogarias e sem receita médica. As maiores consumidoras são jo­vens entre 15 e 18 anos.

Em sextas e segundas-feiras ou próximo aos dias de festas, as con­sumidoras compram todos os esto­ques em alguns estabelecimentos. Numa farmácia de Lajeado, em um dia foram vendidas 20 compri­midos, quando antes eram vendi­das, no máximo, cinco por mês.

Há dois anos, desde que ganhou fama nas farmácias, a procura pela pílula acelera a cada mês. Entre os medicamentos contra­ceptivos à venda, a pílula à base de levonorgenstrel está no topo das mais pedidas pelos proprietá­rios de farmácias da região.

Os farmacêuticos comparam a facilidade da compra do me­dicamento à base de ácido ace­tilsalicílico. “As meninas pedem pelo medicamento como se fosse remédio para ficar bem depois da bebedeira. Só que elas tomam de­pois da transa”, ironiza a farma­cêutica Jussara Rieter. Ela cita que a maioria esquece dos métodos de prevenção das Doenças Sexual­mente Transmissíveis (DST`s).

A subgerente de uma farmácia de Lajeado, Daiane Pollis, relata que próximo da Festa à Fantasia a procura chegou ao ápice. “Inclu­sive, os namorados compram por­que as meninas têm vergonha”. Ela confirma que a procura aumenta e que o medicamento está sendo usado como um anticoncepcional.

Ana Paula orienta que o medi­camento pode ser consumido até 72 horas depois da relação sexu­al. Segundo ela, quanto maior o tempo de espera, menor o efeito. Há marcas com uma dosagem e outras com duas. No caso da últi­ma opção, o segundo comprimido deve ser tomado 12 horas depois do primeiro. O preço de venda nas farmácias da região muda confor­me a marca. A média é de R$ 15 o comprimido.

Conforme a ginecologista, a pílula é contraindicada para quem sofre de alguma doença do sangue, vascular, hipertensão ou obesidade mórbida. A quantidade de hormônio pode provocar pe­quenos coágulos no sangue que obstruem os vasos.a

Ela age antes que a gravidez ocorra. Se a fecundação ainda não aconteceu, o medicamento di­ficultará o encontro do esperma­tozoide com o óvulo. Se a fecunda­ção tiver ocorrido, provocará uma descamação do útero, impedindo a implantação do ovo fecundado. Caso tenha iniciado a gravidez, a pílula não tem efeito algum.

O uso pode afetar o aparelho re­produtor. Em curto prazo modifica a produção hormonal da mulher. A longo prazo, depende da quanti­dade de vezes que a pílula do dia seguinte foi usada, caso ocorra a gestação ectópica, a mulher pode­rá perder uma trompa, dificultan­do uma futura gestação.

Métodos gratuitos

O Sistema Único de Saúde (SUS) possibilita diversas formas da mu­lher se prevenir com métodos con­traceptivos gratuitos. Em Lajeado, a Secretaria de Saúde criou um pro­grama de planejamento da família.

No Posto da Mulher, do bairro São Cristóvão há distribuição de camisi­nhas masculinas, anticoncepcional convencional, medicamento injetá­vel mensal ou trimestral, colocação de Dispositivo Intrauterino (DIU), la­queadura e vasectomia.

O DIU é uma peça de plástico recoberta (na maioria das vezes) com co­bre que é colocado dentro do útero pelo ginecologista. Leva cerca de 20 minu­tos a implantação e dura dez anos. Os efeitos mais comuns são cólicas.

O cobre impede a subida dos esper­matozoides pelas trompas, não haven­do, portanto, a fecundação do óvulo. O DIU é um dos métodos anticoncepcio­nais mais eficazes. Os índices de eficá­cia são semelhantes aos das pílulas convencionais, com 0,1% de falha.

Alerta ao consumo

Em Lajeado, há meni­nas que compram a pílula duas vezes por semana. As enfermeiras Margit Koelln e Sara Ceolin Baldissera alertam que a pílula do dia seguinte é o medica­mento contraceptivo mais prejudicial à saúde quan­do ingerido em excesso.

Sara diz que uma pílula do dia seguinte equivale a uma cartela inteira da convencional, devido à alta concentração de hor­mônios. Ela explica que usada de forma indiscri­minada o medicamento causa efeitos colaterais. Os principais são altera­ção do ciclo menstrual e tempo de ovulação, reten­ção de líquidos, espinhas e dor nas mamas.

Cuidados com a pílula

– A pílula é de emergência, deve ser usada no máximo uma vez a cada dois meses;

– A eficácia diminui e a carga de hormônios exage­rada pode causar vômitos e sangramentos;

– O uso é recomendado em casos especiais: quando a camisinha estoura ou um comprimido da pílula con­vencional é esquecido;

– Uma pílula do dia seguin­te equivale a uma cartela da pílula convencional.

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