Há na região 331,6 mil habitantes, conforme Censo do IBGE de 2010. Nos últimos dez anos cresceu 9,4%.
Contudo, as pessoas se concentram cada vez mais nas cidades desenvolvidas, onde tem mais oferta de emprego, educação e saúde. Nestes dez anos, apenas nove aumentaram sua população, 11 cresceram de forma insignificante. O problema é que 16 têm saldo negativo.
Se mantiverem o ritmo decrescente, em duas décadas, correm risco de extinção devido à insuficiência de eleitores.
Falta de indústrias, êxodo rural e a distância dos centros de ensino são os principais motivos da disparidade.
Um dos municípios que mais perdeu foi Putinga. Há quatro anos a cidade tinha 4.629. Hoje são 4.083. Perdeu 546.
A diminuição populacional afeta também a economia e o desenvolvimento do município. A dependência em fundos e repasses do estado são a fonte de sobrevivência deles. O Fundo de Participação dos Municípios e do retorno do ICMS, por exemplo, é calculado em parte com base na população.
O êxodo é o maior problema. Os jovens buscam profissionalização e emprego nos grandes centros e abandonam meio rural.
Ficam na lavouras os pais, que resistem às novas culturas rentáveis. O reflexo disso são as centenas de propriedades rurais inativas na região.
Especialistas aconselham que os municípios invistam em condições de acesso ao município, melhorando estradas, opção de lazer, emprego e escolas de nível Médio e Superior. Ou que possibilitem melhores condições de deslocamento para os grandes centros.
Para o meio rural são necessárias políticas de incentivo a novos investimentos e alternativas econômicas que envolvam jovens.
O inchaço das que recebem
Lajeado é a cidade que mais recebe migrantes. Sua área é de 90 quilômetros quadrados, mas 55% dela está ocupada por moradias, ruas e Áreas de Preservação Permanente (APP). A previsão é que em 20 anos toda a área esteja tomada. A solução será o crescimento vertical (edificíos) ou a busca por cidades vizinhas.
Por ano, são construídas em média 1,2 mil moradias, o que significa cerca de 230 mil novos metros quadrados de construção. Conforme o secretário de Indústria e Comércio, Carlos Alberto Martini, 35% da oferta de trabalho da região está em Lajeado.
São 33 mil oportunidades de trabalho geradas. Destas, 1,7 mil foram de janeiro a agosto deste ano. A cidade é a que melhor remunera, gera acessibilidade a educação, saúde e emprego.
Conforme o economista Eloni Salvi, a maior preocupação é com o “cinturão da miséria”. Ele explica que uma grande migração também tem seu lado negativo. As cidades que um dia ofertam muito emprego podem inchar.
Quando isso ocorre, gera frustração nas pessoas que migram para grandes centros em busca de emprego e melhores condições. Estas acabam morando em bairros menos favorecidos.
A cidade precisa investir mais em infraestrutura e assistência social para manter o ritmo de crescimento.
Queda depois da emancipação
Quando um distrito quer se tornar independente precisa seguir uma série de critérios legais: ter mais de cinco mil habitantes ou 1,8 mil eleitores; mais de 150 imóveis construídos ou 250 imóveis no conjunto de núcleos urbanos; ter um estudo de viabilidade com padrões de crescimento; escola de Ensino Fundamental completo; pelo menos um equipamento público: abastecimento de água, sistemas de esgoto sanitário, rede de iluminação pública, posto de saúde ou posto policial; e uma análise de receita tributária.
Depois que se tornam municípios, começam a decair nesses mesmos critérios. Na região, 23 cidades têm menos de cinco mil habitantes. Coqueiro Baixo tem menos população do que número de eleitores exigidos para se emancipar.
Pouso Novo tem 1.875 moradores. Perdeu 320 em dez anos. Se permanecer neste ritmo, em 20 anos, terá perto de 1,2 mil habitantes.
Mudança de cidade para conquista profissional
Os jovens buscam os grandes centros devido à acessibilidade à educação, que proporciona um crescimento ou desenvolvimento profissional. Muitos largam suas famílias para alcançar esta conquista.
É o caso das estudantes Fabíola Delazeri, 26, e Luana Salvi. Fabíola é natural de Nova Bréscia. Luana veio de Coqueiro Baixo. Duas cidades que perderam população em dez anos.
Fabíola, aos 17 anos, saiu de sua cidade para morar e estudar em Lajeado. Ficou no centro até os 22 anos, quando teve uma melhor oportunidade de emprego em sua cidade e retornou.
Há dois meses, depois de realizar um intercâmbio para Portugal, Fabíola decidiu voltar a morar em Lajeado. Ela estuda Gestão em Turismo na Uniavtes e se forma em 2012.
Sua irmã, Pâmela Carina Delazeri, 28, também faz o mesmo que Fabíola. Morou durante anos em Lajeado para desenvolver o profissional. Elas dividem um apartamento a duas quadras do centro universitário.
A mãe das irmãs Delazeri é professora e segundo elas, isso possibilitou a saída de casa. “Minha mãe aceitou porque sabe a importância da educação na vida profissional. Em Nova Bréscia nunca teríamos isso.”
Fabíola conta que em sua cidade há pouca oportunidade de trabalho. Para ela, a migração está aumentando porque há facilidade. Ela cita que anos atrás, para estudar ou ter um bom emprego, as pessoas se mudavam para Porto Alegre. Isso na maioria das vezes se tornava inviável pelo custo de vida e distância.
Com o desenvolvimento de Lajeado e outros municípios vizinhos a ele, como Arroio do Meio, Estrela, Encantado e Teutônia, pode-se encontrar oportunidades há menos de 90 quilômetros.