A Brigada Militar (BM) de Roca Sales apreendeu um adolescente de 15 anos dentro da Escola Estadual Padre Fernando, na manhã da quarta-feira. Ele portava um revólver que poderia ter sido entregue à Campanha Nacional do Desarmamento.
O jovem levou o revólver calibre 38 do padrasto para ameaçar outro garoto com envolvimento em rixas de escola. A polícia foi informada do caso às 11h, depois de os professores terem revistado os alunos nas salas de aula.
Conforme o comandante da BM, Jair Rodrigues, ao chegar no local, um amigo do jovem tentava esconder a arma de fogo. Um dos policiais estranhou a reação e ao se aproximar, percebeu que ele estava com o revólver em punho.
O rapaz armado saiu da escola algemado. O revólver estava descarregado. No depoimento à polícia, com presença dos pais, os estudantes alegaram que encontraram a arma na rua. Depois das primeiras informações apuradas pelos policiais, foi confirmado que a arma pertencia ao padrasto de um dos jovens.
Conforme a Policia Civil, não havia nenhum registro de crime relacionado ao revólver. O porte estava desatualizado. O armamento foi encaminhado ao Fórum de Encantado. Os pais serão intimados pelo Ministério Público e serão indiciados por porte ilegal de arma. Quanto aos jovens, após depoimento, eles foram liberados e devem prestar serviço comunitário.
A escola fica no centro de Roca Sales e possui cerca de 700 alunos do Ensino Fundamental e Médio.
Poucas armas tiradas de circulação
Comparado com as armas retiradas de circulação no estado, o Vale apresenta números pouco expressivos. Nos postos de coleta da Brigada Militar (BM) e da Polícia Civil (PC) foram 21 armamentos, entre revólveres e espingardas.
Ao somar o recolhimento com o da Polícia Federal (PF) de Santa Cruz do Sul, que abrange os vales do Taquari e Rio Pardo, se chega a 171 armas retiradas de circulação. Iniciada em 6 de maio, a primeira etapa da campanha encerrou com 2.261 armas de fogo destruídas no estado.
Agente da PF responsável pela campanha na região, Bernardo Rossi pondera que o número reduzido de armas entregues nos postos do Vale do Taquari é comum, porque grande parte das pessoas ainda procura o órgão federal.
O estado está em segundo lugar no número total de armas recolhidas. Os dados foram apresentados nesta semana pelo governo federal. No dia 12 de setembro, foi lançada a segunda etapa da campanha. O total de armas recolhidas no país foi de 22.223.
Os revólveres são quase metade das armas entregues no Brasil, com 10.828. Somados com 1.862 pistolas e outras armas. O total do grupo ficou em 18.489.
O Ministério da Defesa também retirou de circulação armas de grande porte, tais como: espingarda (2.562); carabina (716); rifle (302); escopeta (57); fuzil (56); mosquetão (34); metralhadora (4) e submetralhadora (3). Chegando ao total de 3.734 armamentos.
O secretário adjunto da Secretaria de Segurança Pública, Juarez Pinheiro diz que os gaúchos estão conscientes de que entregar a arma é estar mais seguro. “A cada 4.049 pessoas, uma arma é entregue.”
Antes da ampliação no número de postos, 13 cidades dos 496 municípios estavam aptas a receber as armas. Agora são 231 postos de arrecadação, contando BM, Polícias Civil e Federal.
Na região, estão credenciadas como postos de coleta as polícias de Arroio do Meio, Encantado, Estrela, Taquari, Teutônia e Lajeado.
Ao entregar a arma, o cidadão recebe um protocolo para sacar a indenização, que varia de R$ 100 a R$ 300, de acordo com o calibre da arma. O pagamento pode ser retirado após 24 horas da entrega do armamento. Também é garantido o anonimato, porque nenhuma informação pessoal é obrigatória.
O único documento exigido, para casos em que não existe o porte da arma, é a guia de trânsito, que pode ser retirada em qualquer posto policial, ou no site da Polícia Federal (www.dpf.gov.br).
Conforme estimativa do Ministério da Justiça, existem 16 milhões de armas legais e ilegais no Brasil. Dessas, 1,8 milhão estão legalizadas com registros emitidos pela Polícia Federal. Outras 5,8 milhões têm origem conhecida, mas são irregulares.
A campanha atual do desarmamento se insere na política da União para a segurança pública. Desde 2004, as mobilizações foram responsáveis por retirar de circulação cerca de 570 mil armas no Brasil.