A Santa Flor foi além de qualquer projeção dos organizadores. Não restou dúvida sobre sua repercussão no estado e a visibilidade que deu ao projeto de diversificação econômica do município. Foi assim que o presidente, Gilmar Neumann definiu o sucesso do evento. “A cidade das flores fez jus ao seu nome.”
Segundo Neumann, a previsão era que houvesse uma movimentação financeira de R$ 450 mil. As vendas superaram R$ 1 milhão, sendo R$ 250 mil em flores. “Faltaram produtos nos estandes. O grande número de público nos surpreendeu.”
Para a realização do evento, foram investidos R$ 250 mil. Os lucros serão revertidos à Associação Comercial e Industrial de Santa Clara do Sul (Acisc).
Os estacionamentos disponíveis foram insuficientes e faltou espaço nas ruas para estacionar. Milhares de pessoas acompanharam shows, exposições, eventos técnicos e opções gastronômicas. A organização calcula que no mínimo 30 mil pessoas circularam pela feira, avaliando que o número possa ser maior. “Calculamos por baixo, sendo que não houve a cobrança de ingressos e assim não podemos ter uma precisão de público.”
Neumann enfatiza que o evento foi a concretização de todo o trabalho da administração municipal, que busca diversificar a economia, mostrando para toda a região as potencialidades da cidade, estimulando a cadeia produtiva no Vale.
Esboçando a próxima feira para 2013, ele ressalta que desde as primeiras projeções do evento, toda a comunidade se empenhou para fortalecer a proposta. “Tanto nas escolas como no comércio, houve um grande trabalho direcionado à Santa Flor.”
Curiosos para ver o resultado do projeto municipal, o casal Ivo Beuren, 72, e Alice Helena Heisler, 68, que mora no centro da cidade, se surpreendeu. “Tudo ficou tão bonito.”
Os Formigos
Um rock cômico muito diferente dos padrões convencionais que tocam com frequência nas rádios, foi apresentado pela banda Os Formigos, de São Leopoldo, que atua há 14 anos. O conjunto com seis integrantes fez o encerramento da feira, às 18h de domingo.
De acordo com eles, entre razões e emoções, a saída do grupo é fazer valer a pena, e mostrar com qualidade musical, e uma enorme presença de palco, que um trabalho engraçado pode ser levado a sério. Em seu blog, o grupo agradeceu ao carinho do público.
Tangos e tragédias
O espetáculo Tangos & Tragédias, que reúne música, humor, teatro e interação com o público lotou a palco principal na noite de sábado. Os recursos cênicos foram garantidos pela ficção construída em torno dos dois personagens: o Maestro Plestkaya (Nico Nicolaiewsky) e o violinista Kraunus Sang (Hique Gomez).
Artistas vindos de um país imaginário chamado Sbornia, eles executam ao longo de uma hora e meia de espetáculo músicas do folclore sborniano, canções brasileiras e sucessos da música internacional.
Tudo passando pelo filtro da comicidade, da teatralidade. Esses são os ingredientes que fazem o espetáculo agradar diferentes plateias e faixas etárias. É um espetáculo universal pelo seu despojamento e por tratar com humor os grandes temas como o amor impossível, a “dor de cotovelo” e outras tragédias do ser humano.
EVENTOS TÉCNICOS
Na sexta-feira, o engenheiro agrônomo da Emater-RS/Ascar, Laerte José Correa da Silva, palestrou sobre a sustentabilidade na produção de flores. Ressaltou que é necessário conciliar as necessidades econômicas e ecológicas.
Enfatizou a importância de desenvolver atividades na produção, que sejam ecologicamente corretas e propícias ao setor comercial. “Não adianta ser bonito e dar prejuízo.”
Discutiu as possibilidades em diversificar o cultivo, avaliando a tecnologia na produção. Ele diz que é necessário haver um inter-relacionamento entre todos os setores produtivos, para que a atividade possa ser duradoura. “Vi muitos produtores começarem bem e acabarem parando no meio do caminho.”
Ressaltou que hoje a produção orgânica, em alta escala, é defasada e que com o desenvolvimento de tecnologias será possível ampliar este tipo de atividade dentro das estufas. “Quando se trata da produção de flores, o produto final deve ser perfeito, sem falhas. Por isso temos essa preocupação.”
Em seguida, a analista técnica da unidade de atendimento ao agronegócio do Sebrae Nacional, Carmen Lima de Souza Horn debateu sobre as tendências de mercado da floricultura no país.
Carmen apresentou os números referentes ao varejo e ascensão no mercado de flores. “Damos um aporte técnico, mostrando aos produtores que a atividade é segura e que pode expandir, até mesmo para o exterior.”
Expositores satisfeitos
Apostando no sucesso da feira, as Orquídeas Pebi, de Caxias do Sul, viajou mais de 90 quilômetros para expor suas plantas de ornamentação. Conforme o responsável Mateus Liell, 23, o orquidário participa em média de três feiras por mês e a Santa Flor foi uma de suas melhores participações até hoje. “Vendemos mais de mil plantas em menos de três dias.”
Há 20 anos o orquidário trabalha com a venda, que antes era apenas um passtempo familiar. Possui duas estufas com 400 metros quadrados e participam de feiras por todo o país. Seus preços variam de R$ 8 a R$ 500.
O floricultor municipal Renato José Friedrich, 55, da floricultura Beleza Sul, diz que sua participação na feira foi fundamental para mostrar sua marca. A pretensão não era lucrar no evento, mas apresentar o projeto municipal para toda a região. “Um projeto de nível municipal que deu certo.”
Possuem duas estufas com capacidade produtiva de 50 mil unidades por ano. Os preços variam de R$ 3 a R$ 5. Na feira foram vendidas em torno de 200 unidades.
Segundo o coordenador do evento, Daniel Aires, havia cem estandes de exposição. Participaram 70 empresas, sendo 26 do ramo de flores.
Gastronomia à base de flores
As receitas apresentadas por Anacleto Klein, o cheff Leon, tiveram grande respaldo do público. Durante os três dias, centenas de pessoas visitaram seu restaurante para provar sucos, pizzas, saladas e lasanhas à base de flores.
O cheff acredita que as pessoas estavam curiosas pelo fato de ser algo inovador na região. “Combinei plantas cultivadas em jardins com alimentos como o frango ou chocolate.”
Ele ressalta que acreditou no desafio proposto pelo prefeito, de transformar Santa Clara do Sul na cidade das flores, e suas receitas se somam à ideia. “Vendemos mais de 300 pizzas de flores além de incontáveis sucos de amor-perfeito.”