Há 44 anos, o então distrito de Santa Clara do Sul foi devastado devido a um tufão que arrasou a região. Hoje, o agora município – desmembrado de Lajeado há 19 anos – vive momento de festa motivado pelas flores.
A cidade sedia o primeiro evento destinado a esta cultura. A SantaFlor foi aberta na manhã desta sexta-feira, no ginásio e campo municipais.
Quando o prefeito Paulo Kohlrausch anunciou, em 2006, que investiria na produção de flores na região, poucas pessoas acreditaram que daria certo. Cinco anos depois, a aposta começa a dar resultados.
A primeira feira de flores, a Santa Flor, tem a participação de 26 produtores da Associação de Produtores e Comerciantes de Flores e Plantas Ornamentais do Vale do Taquari (Aflovat), sendo seis deles da cidade anfitriã.
Kohlrausch conta que o projeto foi uma das formas de aumentar a arrecadação do município e diminuir a dependência do setor calçadista. “É um mercado promissor. Hoje poderíamos vender o dobro se tivéssemos produção.”
Aos poucos, a cultura cresce no município. São 16 mil metros quadrados destinados ao plantio de flores ornamentais, envolvendo seis produtores e empregando 31 pessoas. O valor adicionado chega a R$ 800 mil.
Segundo a Associação Riograndense de Floricultura (Aflori), há 800 produtores desta cultura no estado, ocupando 600 hectares. Cada hectare corresponde, em média, a seis empregos.
Incluindo no cálculo os envolvidos em vendas, transporte e venda de insumos, o número de empregos gerados pode chegar a 10 mil. A atividade está presente em mais de 200 cidades.
A maior concentração das floriculturas gaúchas (42%) se encontra em cinco municípios: Pareci Novo, São Sebastião do Caí, Porto Alegre, Ivoti e Nova Petropólis. O consumo per capita/ano é de R$ 12 no estado e no restante do país é de apenas R$ 6.
Em compensação, a produção é insuficiente para suprir a demanda dos gaúchos, que importam 70% de flores de outros estados.
Outro projeto em elaboração pela administração municipal é a criação de uma rota turística para evidenciar o cultivo de flores. Mesmo assim, o maior retorno é do setor calçadista.
Instalada em 2010, a Beira Rio estima gerar R$ 115 milhões em valor adicionado do produto e empregar 10% da população local em, no máximo, oito anos.
Cidade mobilizada para a feira
Segundo o coordenador do evento, Daniel Aires, são 70 empresas expositoras. Além de flores, é dada ênfase a eventos técnicos, agroindústrias, comércio, indústria e serviços.
Um dos fatores que contribui para a realização da feira, segundo a organização, é que o público tem acesso gratuito ao parque. A proposta foi viabilizada após o patrocínio da Secretaria do Turismo, que nos últimos dias aprovou uma parcela de recursos.
Dentre organização e divulgação, foram investidos R$ 240 mil. Segundo o presidente Gilmar Neumann, a previsão é que haja uma movimentação financeira de R$ 450 mil.
Neumann enfatiza que o evento será a concretização de todo o trabalho do município, que busca diversificar a economia, mostrando para toda a região as potencialidades da cidade, estimulando a cadeia produtiva no Vale. “Queremos trazer investimentos para Santa Clara do Sul.”
Ele ressalta que desde as primeiras projeções do evento, toda a comunidade se empenhou para fortalecer a proposta de uma feira. “Tanto nas escolas como no comércio, houve um grande trabalho direcionado à Santa Flor.”