Desde julho, quatro pessoas foram vítimas de meningite. Duas em Lajeado, uma em Canudos do Vale e a outra em Anta Gorda. Fortes dores de cabeça foram os sintomas mais salientes nos casos. O atendimento dos hospitais, mesmo que urgente, foi insuficiente. A rapidez com que a doença age sobre o corpo deixa pais aflitos e força campanhas contra a doença.
A última morte foi no sábado à noite. Pedro Goulart Montezano, 16, reclamou de dor de cabeça durante a manhã. Teve vômitos. Foi levado pela mãe ao hospital e próximo da meia-noite ela recebeu a notícia da morte do filho.
O rapaz estudava no 2º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Érico Veríssimo, do bairro São Cristóvão. Os alunos foram dispensados ontem das aulas, por luto e para limpeza das salas. A família do jovem ficará sob cuidados e vigília da Secretaria de Saúde por dez dias, período em que a bactéria fica ativa.
Conforme a diretora Sandra Mallmann, os pais estão preocupados com a doença. “Eles ligam questionando se os filhos terão que tomar medicamentos para tratamento.” Sandra diz que os professores estão sendo orientados e passarão informações aos estudantes durante a semana para amenizar a tensão.
Na semana passada, caso semelhante ocorreu na Escola Municipal de Ensino Fundamental Santo André. Graziela Prestes, 14, morreu depois de ficar cinco dias internada no Hospital Bruno Born (HBB), em Lajeado.
Ela teve uma forte dor de cabeça na terça-feira pela manhã, foi levada ao hospital, onde teve convulsões e no domingo à noite, morreu. A direção da escola ficou dez dias controlando a reação de alunos, professores e funcionários.
Em ambos os casos, os jovens não demonstraram os sintomas em sala de aula, a evolução da doença foi rápida e fulminante.
A Coordenadoria Regional da Saúde e a Secretária Municipal da Saúde de Lajeado estão orientando os municípios de como agir. Em Lajeado, a secretária conversou com as escolas e solicitou que tomassem algumas medidas de segurança, semelhantes à gripe A.
A vacina abrange 90% dos tipos de meningite, mas dão proteção parcial. Elas não eliminam a doença por completo. Na rede privada, a dose custa em média R$ 100 para criança e adulto.
As limitações das vacinas são que algumas não protegem crianças abaixo de dois anos, não alteram a condição de portador, e protegem por tempo limitado – máximo dois anos.
As vacinas só são indicadas para controle de surtos e epidemias. Devem ser mantidas as medidas de controle como notificação e investigação dos casos, tratamento dos contatos domiciliares dos doentes.
Sintomas da dengue e meningite se confundem
É possível confundir meningite com dengue, principalmente nas primeiras 24 horas em que os sintomas aparecem. No início, as duas doenças apresentam os mesmos sinais: febre, dor de cabeça, prostração (enfraquecimento), dor no corpo, inclusive vômitos, que não são tão comuns na dengue, mas podem ocorrer.
Pintas avermelhadas que aparecem no corpo são comuns nas duas doenças. A partir do segundo dia fica um pouco mais fácil distinguir a meningite da dengue. As pintas da meningite ficam maiores. A nuca rígida é outro sinal específico.
A instrução é procurar assistência médica urgente. Uma pessoa com febre e prostrada tem que ser levada logo para o hospital. Quanto mais rápido começar o tratamento, com antibióticos e hidratação, maiores as chances de sobrevivência.
“A doença ficou só na minha lembrança”
A meningite é considerada uma doença grave. De fácil contágio e altos índices de letalidade – cerca de 80% das pessoas que contraem a doença, morrem. As demais ficam com algum tipo de sequela. A mais comum é a perda de memória.
Paulo Neumann, 30, de Chapadão, interior de Santa Clara do Sul teve meningite aos 8 anos. Ele conta que sentiu uma forte dor na cabeça e tonturas. Procurou logo o médico que constatou a doença.
Neumann ficou uma semana internado no hospital. E diz que não lembra o que houve durante esses dias. Segundo ele, o médico disse que ele ficou com sequelas no lado direito do cérebro. “Não percebo nada.”
Hoje ele trabalha na construção civil, é casado e tem duas filhas. Ele diz que nos primeiros anos depois da doença fez exames para verificar se estava tudo bem, mas depois não precisou mais ir ao médico. “Estou bem e vivo uma vida normal.”
Sintomas
– Dor de cabeça;
– Febre;
– Vômito;
– Rigidez na nuca;
– Choro intenso;
– Sonolência;
– Manchas avermelhadas na pele;
– Moleira.
Como agir:
1º = À primeira suspeita de meningite, procure oserviço de saúde mais próximo;
2º = Mantenha os ambientes arejados;
3º = Evite a automedicação;
4º = A melhor medida a ser tomada é o tratamentoimediato da doença.
O que é meningite
É a inflamação das meninges (membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal). Pode ser causada por diversos agentes como vírus, bactérias, fungos e protozoários.
A meningite que mais preocupa é a meningocócica, causada por uma bactéria chamada meningococo, que é dividida em vários sorogrupos. Os mais frequentes são A, B, C, W 135.