Drama escolar

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Drama escolar

Um pequeno prédio de 70 metros quadrados, sem cercamento, sem banheiros, sem pátio para recreação e com apenas uma sala multimídia e outra para 30 alunos. Esta é a estrutura construída pelo governo estadual em 2008 para a Escola Estadual Ensino Médio Fazenda Vilanova, que abriga 160 alunos.

À tarde, os 13 professores têm pouca dificuldade para manter os alunos na sala. Só a turma de 35 estudantes do 1º ano está em aula. O problema intensifica à noite, quando 125 adolescentes estão dispostos em três turmas entre os 1º e 3º anos.

escolaEm dias de intensa chuva, a preocupação aumenta, pois os estudantes não têm um espaço adequado para ficar no intervalo. Para irem ao banheiro, precisam correr para dentro da escola municipal Edgar da Rosa Cardoso.

“Às vezes os alunos nos chamam e dizem ‘Olha aqui professora, estou todo molhado e tenho que ir para a casa para não ficar gripado’”, desabafa uma professora.

A falta de estrutura incomoda alunos. Matheus Brandão se sente inseguro. “Qualquer um pode entrar na sala a hora que quiser e ninguém se dará conta.” Em compensação, elogia o esforço de professores e funcionários que tentam fazer o seu trabalho, que fica limitado. “A menina da cozinha, por exemplo, não tem onde fazer a comida.”

Todos os dias, a cozinheira Vanessa Cardoso entra no refeitório com um balde cheio d’água, para lavar e fazer a refeição dos alunos do noturno. O local fica em uma sala de cerca de 25 metros quadrados – cedida pela administração desde 2002, quando o Ensino Médio foi implantado no município.

O espaço também serve para sala de professores, recepção dos pais e biblioteca. Os “cômodos” são divididos por armários. Mesmo com todos esses problemas, os professores conseguem passar os pontos positivos da instituição.

A superação dos funcionários mascara a realidade. A união, o entusiasmo, o tratamento de igual para igual, e, muitas vezes, fazer o papel de psicólogo confortam os estudantes.

A diretora Claisse de Oliveira Bilhar conta que, todos os dias, os professores buscam motivação para iniciar os trabalhos. “Não seremos nós que mataremos os sonhos dos adolescentes.”

Reconhecimento dos alunos

Os estudantes sentem o incômodo dos professores, mas elogiam a postura deles. O aluno do 2º ano, Matheus Conceição, elogia a união entre professores e funcionários. “Dá prazer para a gente vir estudar aqui.”

A mesma opinião é compartilhada pelo colega André Diedrich. “Se nós tivéssemos um prédio próprio, (o ensino) seria muito melhor.”

Sonho vira frustração

Há três anos, o sonho de um prédio próprio virou frustração. A então secretária estadual de Educação, Mariza Abreu inaugurou a “sede” da escola.

O prédio era uma promessa desde o governo Germano Rigotto. Ele implantou a escola, mas o estado só cedeu os professores e materiais. Alegava falta de recursos para construir uma escola e, por isso, fez um acordo com o município – que cedeu o espaço físico.

A falta de estrutura contribui para a evasão escolar. Claisse não comenta o índice, mas diz que é alto. “Não temos como controlar quem vai embora na hora do intervalo, devido à falta de estrutura.”

Situação semelhante em Westfália

O mesmo incômodo sentem os dez professores e os cem alunos da escola estadual de Ensino Médio de Westfália – que leva o mesmo nome do município. Implantada em 2007, funciona em prédio cedido pela administração municipal.

Estão disponíveis três salas para os alunos do 1° ao 3° ano e mais um pequeno espaço de cerca de quatro metros quadrados, onde funciona a sala das diretoras e de reuniões com os pais.

A diretora da instituição estadual, Núbia Welp conta que, no mesmo prédio, funciona o projeto do município para que os alunos do Ensino Fundamental tenham atividades extracurriculares no turno inverso.

Com isso, o uso de outros espaços, como a sala de informática e a quadra de esportes, ficam restritos. Os alunos só podem praticar esportes na instituição uma vez por semana, pois, nos demais dias, os estudantes do Ensino Fundamental têm prioridade.

“A gente não se sente em um ambiente próprio”, desabafa Núbia. O desânimo por ocupar um lugar que não é seu é compartilhado pelos alunos. A vice-diretora do grêmio estudantil, Morgane Krüger diz que até o intervalo é prejudicado.

“Às vezes, a gente quer escutar música no pátio, mas não podemos porque o Ensino Fundamental está na hora do soninho.”

Alunos usam espaço alugado em Encantado

A Escola Estadual de Ensino Fundamental Jardim do Trabalhador, situada no bairro Jardim do Trabalhador, enfrenta a falta de espaço físico no pátio escolar.

Com 140 alunos, de Educação Infantil a 8ª série, a área de 145 metros quadrados em frente da escola é insuficiente e imprópria para a realização de práticas pedagógicas ao ar livre.

Sem espaço no pátio da escola, as aulas de Educação Física e ensaio do grupo de danças tradicionalistas ocorrem no salão comunitário, a 200 metros. O local é alugado por R$ 80 mensais, para auxiliar com gastos de limpeza, luz e manutenção.

O dinheiro vindo do governo do estado não pode ser utilizado para este fim, por isso os professores coletam notas fiscais, vendem artesanatos e realizam rifas para o pagamento.

Segundo a diretora Loraine Perondi, há 11 anos a escola espera por auxílio para a compra de terrenos próximos para uso dos alunos e construção de ginásio.

Na Consulta Popular, feita há oito anos, a escola foi contemplada com o projeto e o governo estadual solicitou toda documentação necessária, porém nada foi feito até o momento. A compra do terreno, naquele ano, estava estipulada em R$ 80 mil.

Loraine diz que no início do ano foi entregue um relatório das necessidades escolares ao governo do estado. “O diagnóstico o governo tem. Ganhar algo vai mais tempo.”

Governo promete obras para 2012

A responsável pela 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Marisa Bastos reconhece a falta de estrutura das escolas estaduais da região. Ela conta que, desde que tomaram conhecimento da situação, incluíram as instituições de Fazenda Vilanova e de Westfália nas prioridades da CRE.

Marisa cita como garantia das obras a visita do diretor de Obras do governo estadual, Cláudio Somacal, no dia 11. O representante do estado verificou a estrutura de Fazenda Vilanova e se comprometeu a auxiliar na construção de um prédio.

Ela ressalta que a cessão do espaço por parte dos municípios faz parte de um acordo com o governo do estado. “Em Fazenda Vilanova, os alunos do Ensino Médio usam o espaço da escola municipal, mas o município aproveita o ginásio de esportes que pertence ao estado.”

Conforme Marisa, as construções não começarão devido à falta de recursos no orçamento. Ela conta que o governo anterior firmou convênios com os municípios, mas não os incluiu no orçamento para este ano.

Marisa estima que o estado tem cerca de R$ 9,3 milhões em dívidas só na área de Educação do Vale do Taquari. A coordenadora evita precisar uma data para o início das obras, pois o governo busca recursos federais e internacionais para isso.

Mas, o problema pode ser solucionado em abril de 2012, pelo menos em Westfália. A garantia é do prefeito Sérgio Marasca. Ele teve uma audiência com o governador Tarso Genro no dia 15, teria recebido a confirmação da obra.

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