A carência na assistência técnica oferecida aos pequenos produtores da região foi pauta da reunião mensal do Conselho de Prefeitos do Cipae G8, na terça-feira, em Canudos do Vale. Os prefeitos criticaram o desempenho assistencial da Emater/RS-Ascar.
A criação de um núcleo regional para atender o déficit no acompanhamento à agricultura familiar será discutida durante o seminário, dia 23, em Boqueirão do Leão. No evento devem estar presentes o secretário estadual do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Ivar Pavan e dirigentes da Emater.
Como forma de solucionar o problema no campo, o G8 encaminhará um pedido para o Ministério do Desenvolvimento Agrário a fim de buscar profissionais de assistência técnica para a agricultura familiar da região.
Conforme o prefeito de Cruzeiro do Sul, Rudimar Müller, os produtores independentes, que são o propósito da Emater, têm pouco suporte. Ele ressalta que apenas os integrados a cooperativas, como fumageiras, recebem um acompanhamento técnico.
Müller enfatiza que os municípios que integram o G8 desenvolvem diversas atividades agrícolas e o setor é fundamental na economia da região. “Temos que rediscutir a assistência técnica e implantar uma assistência regional.”
Reconhece a importância da Emater, mas acredita que o número de profissionais que atendem pela entidade é insuficiente e que sua estrutura é limitada. “Desta forma acaba faltando amparo no campo e apenas os serviços de escritório são realizados.”
Acompanhamento é necessário
O prefeito de Marques de Souza, Rubem Kremer apostou na parceria com a Emater para dar suporte aos agricultores. No município são 800 propriedades rurais que necessitam de acompanhamento.
Ressalta que nem sempre se pode fazer o que gostaria e que outras direções podem ser tomadas para se alcançar um objetivo. No município atendem dois profissionais da Emater, que segundo ele são insuficientes para dar suporte necessário aos produtores. Foram contratados outros cinco para dar suporte à equipe. “Se os agricultores querem melhorar, vamos dar ajuda.”
Kremer diz que toda ação que seja somada a um projeto é boa e que a criação de um núcleo de assistência técnica regional será fundamental para dar suporte às atividades desenvolvidas nas propriedades. “Estamos em uma era que as novidades tomam conta do campo e uma orientação adequada facilitará para desenvolvimento do setor agrícola na região.”
Já em Boqueirão do Leão, segundo o prefeito João Davi Goergen, a dificuldade não é só a falta de assistência técnica, mas principalmente a sustentabilidade da produção. “Conseguimos diversificar a produção, mas não temos para quem vender o que estamos produzindo.”
Emater admite carências
Conforme o gerente regional da Emater/RS-Ascar, Derlí Bonine, a entidade passa por um processo de reestruturação. Ressalta que há um compromisso público nos quadros da entidade, onde 26 novos profissionais foram contratados, reforçando o atendimento nos escritórios municipais.
Um dos fatores que dificulta a assistência técnica é a quantidade de famílias que necessitam de acompanhamento. No Vale do Taquari são 23,7 mil propriedades, sendo que na região de abrangência da Emater regional (64 municípios) este número chega a 53 mil.
Segundo ele, a Emater prioriza a assistência diretamente nas propriedades, contudo necessita de tempo hábil para desenvolver, por exemplo, programas como o Plano de Crédito. “Aconselhamos aos setores municipais que façam durante um dia da semana a elaboração de documentos e no restante da semana visitem as propriedades.”
Para suprir a falta de profissionais e conseguir dar melhor auxílio aos produtores, Bonine diz que está sendo elaborado um programa estratégico regional para execução dos trabalhos.
Acredita que o projeto do G8, em criar um núcleo regional, pode não ser a melhor forma de resolver a dificuldade. Para ele, o convênio existente entre o município e a Emater possibilita um acompanhamento permanente aos produtores, o que um núcleo regional poderia não dar suporte.
A Emater dispõe de 170 profissionais, dentre engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas e extencionistas. Por meio de um convênio com a entidade, o município contribui com R$ 1,4 mil para cada profissional. Ele defende que com este valor, o município não contrata apenas apoio de um técnico, mas de toda a equipe de suporte da Emater.