Condenadas pela Defesa Civil, 77 residências localizadas em áreas alagáveis serão demolidas nos próximos dias. Ao todo, 359 pessoas estão desabrigadas e instaladas no Salão Paroquial ao lado da Igreja Matriz. As famílias aguardam a definição do local das realocações.
A maioria das residências condenadas está no centro, nas localidades conhecidas como São José, Praia e Cantão do Sapo. Só na rua Francisco Oscar Karnal há 17 famílias desalojadas. A construção de moradias está proibida nestes pontos, e a projeção da administração municipal é transformar o local em áreas de lazer.
Nos próximos dias deve ser oficializada a situação de emergência. A medida possibilitará o recebimento de R$ 300 mil para a construção de novas moradias. Hoje, há 20 projetos de casas em avaliação na Secretaria da Habitação e Seguridade Social (Sthas). Elas serão oferecidas aos desabrigados em data e local indefinidos.
A administração municipal estima em R$ 3 milhões os recursos necessários para a recuperação dos danos causados pelas enchentes na região. A prefeita Carmem Regina Cardoso e o secretário de Obras, Mozart Lopes, se encontraram esta semana com lideranças do Ministério das Cidades em Brasília. Eles pediram auxílio financeiro e logístico para lidar com o problema das cheias e a realocação das famílias atingidas.
Segundo o coordenador da Defesa Civil, Luís Felipe Finkler, será preciso uma ação conjunta da comunidade e dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Hoje, sua equipe é formada apenas por três voluntários. “Não temos recursos para a prevenção. Precisamos trabalhar administrando as crises.” Finckler diz que o Ministério Público será necessário para auxiliar na remoção dos moradores das áreas alagáveis. “A maioria é favorável à mudança.”
Um dos problemas é que nas enchentes anteriores muitos abandonaram as residências que receberam e voltaram às áreas centrais. A partir de segunda-feira, as famílias que tiveram as casas condenadas pela Defesa Civil e se cadastraram na Stahs começam a receber mantimentos, produtos de limpeza, agasalhos e outros.
Realocação necessita infraestrutura
O promotor de Justiça, Neidemar Fachinetto diz que o Ministério Público firmou um termo de cooperação com a administração municipal para a elaboração de um plano de regularização fundiário que tem um prazo de 120 dias para ficar pronto. O estudo será baseado nas informações do Plano Municipal de Habitação Popular, elaborado em 2010.
Segundo ele, as 77 famílias que serão removidas das áreas de alagamento serão beneficiadas pelas resoluções. Uma Ação Civil Pública foi responsável pelos primeiros recursos recebidos pelo município para as providências iniciais em prol dos atingidos pela cheia.
O estudo realizado em 2010 identificou cerca de 800 moradias em áreas irregulares e investimentos de grande porte são necessários para resolver o problema. Com a remoção de pessoas para áreas seguras e com infraestrutura que permita sua permanência não será necessária a busca de novos recursos a cada enchente.
Flagelados aguardam definição
Instalado há uma semana no salão paroquial, o autônomo Daniel Campos da Silva espera receber uma nova casa. A sua, na rua Marechal Deodoro, foi condenada após as enchentes. “É uma vida sofrida.”
Ele vive com sua mulher e quatro crianças. Colchões, roupas e alimentos vieram de doações. Só o botijão de gás foi recuperado da antiga residência. Silva diz que a situação lhe prejudica no emprego, e as crianças perderam aulas. “Espero receber uma casa logo. É desumano viver aqui sem privacidade.”
Show beneficente e doações para flagelados
No dia 28, das 14h às 18h, ocorre um show de bandas em benefício das famílias desabrigadas. A Concha Acústica do Parque Professor Theobaldo Dick recebe as bandas Bica Fino Brothers Band, a dupla de sertanejo universitário Jonas e Lucas e o DJ Lucas Ebone.
A sonorização fica por conta de Quina, e Marcelo Sommer contribui com a aparelhagem. Max Lima, músico da Bico Fino Brothers Band, diz que essas ações são o ponto de partida para aproximar a comunidade das famílias atingidas. “As soluções não podem estar condicionadas apenas a ajuda do governo.”
No local, haverá caminhões para recolher alimentos não perecíveis, colchões, roupas e outras doações. Segundo o secretário da cultura Gérson Teixeira, haverá a possibilidade de se cadastrar para a doação de móveis e materiais de construção.
Na semana seguinte, o material arrecadado será recolhido e ficarão estocados até que as novas residências dos desabrigados fiquem prontas. Outras doações podem ser feitas pelo 3982-1072.