Índios forçam desvio de 46 quilômetros

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Índios forçam desvio de 46 quilômetros

Quilômetros de con­gestionamento, aci­dente e revolta dos motoristas marca­ram a mobilização indígena na região. Ela se concentra próximo do acesso a Bom Re­tiro do Sul.

Ao todo, no estado, são sete pontos de rodovias paralisa­das por índios das tribos cain­gangue, guarani e charrua. Não há previsão de liberação das pistas.

indiaAs aulas foram canceladas e, enquanto as crianças parti­cipavam da paralisação sob a chuva, os adultos faziam um churrasco sob o toldo da esco­la da tribo. Os índios exigem a presença do coordenador geral da Saúde Indígena da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), Antônio Alves, para negociar.

Eles reivindicam quatro me­lhorias relacionadas à saúde: criação de um Distrito Sani­tário Especial de Saúde Indí­gena (Dsei) no estado; contra­to, ampliação e regularização salarial de todas as Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena; saneamento básico em todas as terras indígenas; e a construção de duas Casas de Saúde Indígena (Casai), no estado.

As tribos querem que o atendimento do Sistema Úni­co de Saúde (SUS) seja diferen­te e compatível com a cultura deles. “Estamos acostumados com remédios naturais”, aler­ta um deles.

Conforme um dos coordena­dores da comissão do ato, Au­gusto Silva, as rodovias só se­rão liberadas, se o secretário especial de Saúde Indígena, Antônio Alves, se encontrar com os índios na Comunidade Indígena Serrinha, em Ronda Alta.

A organização da mobiliza­ção ocorreu no dia 5 em um encontro entre 24 caciques e líderes. Segundo Silva, o pe­dido por melhorias em saúde para os índios é antigo, com mais de 12 anos. Ele relata que foi aprovado por lei, mas não executado.

O grupo prevê nova parali­sação contra o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) devido a acordos sobre a duplicação da BR-386. Um dos índios conta que ocorrem reuniões sema­nais para discutir o assunto.

Filas e irritação

O bloqueio começou às 11h30min, e a falta de informação surpreendeu os motoristas. Alguns decidiram voltar cerca de dois qui­lômetros para desviar por Teutônia, a fim de chegar aos seus destinos.

Outros aguardavam com paciên­cia por uma definição. Pelo menos 60 caminhões estavam parados em um trecho de 300 metros no início da tarde de ontem.

O caminhoneiro Rudimar José Londero, com o veículo carregado com 120 caixas de papel higiêni­co, espera a liberação para poder chegar em Porto Alegre.

No sentido contrário, a paciência do advogado caxiense Hugo Skr­sypcsak esgotou. Em meio à buzina e xingamentos aos índios, ele liga­va para o Fórum de Lajeado, onde tinha audiência marcada.

“Eu não tenho nada a ver com as reivindicações deles. Eles não podem atrapalhar o meu direito de ir e vir.” Aconselhado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), ele fez o retorno para pegar o desvio por Teutônia.

Outros esperavam a agilidade da PRF para desobstruir o trânsi­to, como o caminhoneiro Caetano di Doménico, de Ronda Alta. Com 28 toneladas de trigo carregados no caminhão, ele torcia para que a chuva cessasse, para não estragar a carga.

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