Quatro hospitais da região precisam de recursos públicos para pagar a maior parte dos serviços. Um levantamento feito pelo jornal A Hora aponta que o contribuinte paga mais da metade dos gastos das instituições de Estrela, Nova Bréscia, Santa Clara do Sul e Sério.
O que mais necessita é o de Santa Clara do Sul, mantido pela administração municipal. Dos R$ 138 mil gastos por ano, R$ 90 mil são repassados pelo Executivo e o restante pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em seguida aparece Sério, no qual 93,3% do orçamento é pago pela comunidade e, em Nova Bréscia, esse montante corresponde a 89,8%.
Os convênios com a administração municipal e os repasses do SUS representam 57,9% dos R$ 3,1 milhões necessários para custear os serviços durante um ano, no Hospital de Estrela.
Os dados foram baseados na prestação de contas que a irmã Terésia Steffen fez aos vereadores estrelenses no dia 11 de julho.
Os únicos hospitais que conseguem se manter com recursos próprios são o Bruno Born, em Lajeado, e o Santa Terezinha, de Encantado. O primeiro recebe financiamento público de 11,5%, enquanto que o segundo a margem é de R$ 25,9%.
Conforme o diretor administrativo do Santa Terezinha, Vagner dos Anjos, o financiamento público é necessário para atender a comunidade. Ele salienta que muitas instituições se endividaram para fazer as reformas e melhorar a aparelhagem.
Dos Anjos critica os valores repassados pelo governo estadual. “O SUS estabelece limites quantitativos e orçamentários para atendimento, ou seja, o que é atendido acima do contratado o hospital não recebe.”
Ele conta que, em 2010, a instituição não recebeu por 49 partos cesarianos realizados. Esses dados se referem só aos repasses do governo estadual, que recebe recursos do Ministério da Saúde.
Diretor se nega a repassar dados
O diretor do Hospital Ouro Branco, de Teutônia, e presidente do Sindicato dos Hospitais do Vale do Taquari, André Lagemann, não informou quanto de dinheiro público a instituição que preside necessita. “Não acredito que essas informações interessem à população.” Ele acrescenta que abrir as contas confundiria a comunidade.
Entretanto, pediu apoio dos prefeitos da região na AgroInd, há duas semanas. Lagemann quer que o governo estadual repasse R$ 100 milhões aos hospitais filantrópicos ainda neste ano.
Caso de Venâncio é isolado
No dia 20, a administração municipal de Venâncio Aires assumiu o controle do Hospital São Sebastião Mártir pelo período mínimo de seis meses. Segundo o prefeito Airton Artus, a falta de transparência do então administrador Fernando Becker motivou a decisão – apoiada por Mato Leitão, que mantém convênio com o hospital.
Ele informa que a instituição deve R$ 15 milhões. Artus acredita que a conta não seria paga, por isso, interveio. Só Venâncio Aires repassava, por ano, R$ 9,4 milhões, enquanto que o SUS encaminhava R$ 8 milhões. De acordo com o secretário de Saúde, Vilson Gauer, a aplicação dos recursos não era divulgada por Becker.
Essa situação implicou apontamentos do Tribunal de Contas do Estado (TCE) na análise das contas. O órgão considerou o trabalho ineficaz, não justificando os repasses. Na época, os atendimentos de cirurgias eletivas foram suspensos sem explicação.
Lagemann pensa que o caso de Venâncio Aires não se repetirá. Segundo ele, aquele hospital tem gestão plena – na qual a responsabilidade é do município –, e este modelo inexiste na região.
Raio-X dos hospitais
Bruno Born
Município: Lajeado
Orçamento: R$ 51 milhões
Repasses públicos: R$ 5,6 milhões
Municípios conveniados: Todos os da 16ª Coordenadoria Regional da Saúde
Atendimentos: 30 mil por mês
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI): 60 internações na adulta e 16 na pediátrica por mês
Beneficente Santa Terezinha
Município: Encantado
Orçamento: R$ 7,7 milhões
Repasses públicos: R$ 2 milhões
Municípios conveniados: Encantado, Relvado, Vespasiano Corrêa e Doutor Ricardo
Atendimentos: 25 mil diagnósticos entre janeiro e junho
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI): Não tem
São José
Município: Sério
Orçamento: R$ 270 mil
Repasses públicos: R$ 252 mil
Municípios conveniados: Sério
Atendimentos: 75 por mês
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI): Não tem
São João Batista
Município: Nova Bréscia
Orçamento: R$ 1,5 milhão
Repasses públicos: R$ 1,3 milhão
Municípios conveniados: Nova Bréscia, Capitão, Coqueiro Baixo e Relvado
Atendimentos: 360 por mês
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI): Não tem
Associação Beneficente Hospitalar
Comunitária Santa Clara do Sul
Município: Santa Clara do Sul
Orçamento: R$ 138 mil
Repasses públicos: R$ 138 mil
Municípios conveniados: Santa Clara do Sul
Atendimentos: Não informado
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI): Não tem