Desde que foi feito o anúncio pelo governo federal, no início do ano, de que aposentados e pensionistas receberiam melhorias, estelionatários agem na região. São em média duas vítimas por mês, sem contar as tentativas.
Eles sabem os dados completos dos beneficiados e são persuasivos no crime. Em alguns casos criam situações, como no Conto do Bilhete. Em certas ocasiões as pessoas perderam mais de R$ 20 mil.
Desde a semana passada, uma quadrilha atua em Lajeado. Uma associação de Porto Alegre contata o aposentado, pelo telefone, e menciona todos os dados pessoais da vítima.
Eles relatam que ela tem um valor alto para resgatar do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), mas que precisa assinar uma procuração para que esta acione a Justiça.
A associação convida a pessoa para ir à cidade ou solicita o endereço para que um advogado ligado ao grupo vá até a residência. A vítima é induzida a assinar o contrato e inclusive telefones e endereços são repassados.
Caso semelhante ocorreu com Lercy Zulegar, 64, de Lajeado. Ela e seu marido são aposentados. Na semana passada, ela recebeu uma ligação pelo telefone residencial, que sequer está em seu nome, para assinar uma procuração e receber um benefício.
Assustada com a situação, avisou os filhos que sugeriram que ela não assinasse a documentação. “Ele falou tão bem que ainda estou convencida de que posso ganhar algo.” Lercy diz que se informará sobre o assunto, mas que não assinará documentos para pessoas estranhas.
Há na região cerca de 40 mil aposentados e pensionistas. Destes, 13 mil moram em Lajeado. O presidente da Associação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas de Lajeado e Região (Atapel), José Pedro Kuhn, relata que nos últimos meses a entidade auxiliou no cancelamento de várias procurações e contratos assinados pelos seus associados.
Para ele, o aposentado acredita com mais facilidade nas pessoas e é um alvo fácil porque tem uma renda mensal garantida.
Polícia investiga estelionatários
Conforme o delegado da Polícia Civil de Lajeado, José Romaci Reis, o órgão investiga sempre que há ocorrências ou informações sobre algum caso.
Ele afirma que os aposentados caem nos golpes por ingenuidade e os alerta para que não assinem documentos sem auxílio de pessoas com mais conhecimento.“Ninguém procura pessoas para dar coisas. Nada vem de graça.”
Reis conta que os falsários deixam número de telefones e endereços, mas na maioria das vezes são falsos.
Ele diz que há três situações mais praticadas pelos fraudulentos. A mais frequente é o Conto do Bilhete, no qual pessoas controlam a vítima na agência bancária. Quando ela sai, uma pessoa caminha em sua frente e perde um bilhete. A vítima procura o dono o papel e o encontra.
O dono do bilhete lhe diz que o papel é premiado. Uma terceira pessoa aparece e se surpreende com a informação. Os dois tentam persuadir a vítima dizendo que ela poderá ficar com o prêmio se der algo em troca.
O delegado afirma que a vítima deixa a bolsa, bens ou fazem transferência de valores, em troca do bilhete. Quando vão até o posto de troca percebem que tudo foi apenas um conto.
Outro caso é do financiamento. Pessoas procuram aposentados para vender produtos ou financiamentos e convencem a pessoa a descontar a parcela na folha de pagamento do benefício. Quando chega a fatura as vítimas sequer se lembram que assinaram a documentação.
E outra situação é a assinatura de contratos e procurações para resgate de benefícios. Que, segundo o delegado, se a vítima procurar auxílio logo é possível reverter.
Notícias de novos benefícios
– Recomposição dos benefícios para quem se aposentou com o teto no período de 5/04/1991 a 1/01/2004. Em média o reajuste mensal para cada pessoa será de R$ 250 e poderão resgatar no mínimo R$ 10 mil de valores atrasados;
– Aumento sobre a infração retroativo de janeiro de 2011 para aposentados com benefícios superiores ao salário mínimo;
– Antecipação do 13º salário, com a 1ª parcela para setembro.