Sofás, geladeiras, entulhos, roupas, lama e até animais mortos jogados na rua fazem parte do cenário dos bairros mais atingidos pela enchente do fim de semana.
Na sexta-feira, o Rio Taquari atingiu 26,85 metros acima do nível normal, forçando ao menos 1,5 mil famílias a abandonarem suas residências. Estima-se que quase nove mil pessoas ficaram desalojadas.
Segundo o coordenador regional da Defesa Civil, major Vinícius Renner, os desalojados começaram, ontem, a procura por assistência social, e assim será possível calcular os danos materiais causados pela água. Renner diz que a maioria das vítimas retornou para suas casas. Destas, mais de mil voltaram durante o fim de semana.
Lajeado, Encantado, Colinas, Roca Sales, Estrela, Arvorezinha, Cruzeiro do Sul, Arroio do Meio, Putinga, Marques de Souza, Imigrante, Muçum e Itapuca, e Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, decretaram situação de emergência.
Ele informa que estes municípios têm até sexta-feira para enviar relatório com os prejuízos. “Mandaremos a Brasília para buscar recursos federais. Por isso, todo dano precisa de laudo técnico de um especialista.”
De acordo com Renner, desde sexta-feira a região recebeu centenas de colchões, kits de higiene e cestas básicas da Defesa Civil do estado. A distribuição continuará hoje em Estrela, Lajeado, Cruzeiro do Sul, Roca Sales e Arroio do Meio. A previsão de chuva para esta semana deve adiar o retorno de alguns desalojados. O Centro de Informações Hidrometeorológicas (CIH) da Univates, informa que hoje o dia se inicia com sol, mas há previsão de chuva durante
a tarde. Até quinta-feira, estão previstas outras pancadas de chuva, mas com volumes pouco significativos. A partir de sexta-feira, a tendência é de chuvas mais torrenciais e com grande volume de água. O tempo deverá melhorar só na próxima semana.
Lajeado tenta voltar à normalidade
Na tarde de ontem, dezenas de sofás e entulhos foram levados por caminhões do Executivo para uma área destinada apenas a lixo verde, localizada no bairro Santo Antônio.
A movimentação atraía os catadores que vivem próximos do local, que tentavam reaproveitar o máximo do material despejado.
A administração de Lajeado calcula em R$ 100 mil os prejuízos causados pela enchente, que deixou 61 famílias desalojadas. Até o momento, cinco casas foram interditadas pela Defesa Civil. Foram verificados dois desmoronamentos de terra na rua Lindolfo Labres, no bairro Carneiros.
Para entrar em contato com o órgão em Lajeado, o interessado deve se dirigir ao Departamento de Trânsito, no subsolo da prefeitura municipal, ou ligar no 3982-1072 ou 9966-9616. O local serve como ponto para doações da comunidade.
O Centro de Referência em Assistência Social (Cras) da cidade cadastra os desabrigados que necessitam de kits da Defesa Civil. Para se habilitar, é preciso ir à sede na rua Cel. Júlio May, 496, com documento de identidade e comprovante de residência.
Para justificar a falta ao trabalho, o cidadão deverá portar a carteira de trabalho.
Estatais não concederão descontos
A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) não concederá descontos para as famílias atingidas pela enchente. O gerente da região nordeste da Corsan, Alexsander Pacico adianta que as pessoas que limparem suas casas terão que pagar pelo excedente de água usado.
A mesma política ocorre com a AES Sul. O gerente regional, Gilberto Schleber ressalta que a empresa segue a legislação e que ela não prevê a concessão de benefícios para quem é atingido por catástrofes.