Em abril de 2010, a agência dos Correios passou a entregar cartas nas residências do bairro Conventos. Antes, os moradores precisavam buscar o material no Mercado Conventos, onde funcionava um centro de distribuição. Mas, o que era para ser uma solução virou um problema para a empresa.
De acordo com o gerente do Centro de Distribuição Domiciliar (CDD) de Lajeado, Sílvio Hagemann, mais de 40% das correspondências endereçadas ao bairro volta para a agência. Por dia, são entregues cerca de 400 naquela localidade. Em média, 160 são devolvidas por terem endereços incompletos. “Dá mais trabalho devolver do que entregar.”
Em toda a cidade são entregues, em média, 22 mil cartas por dia e destas apenas 4% são devolvidas.
Falta de numeração, caixas de correios e nomes de ruas, e a presença de animais soltos nas ruas são os problemas enfrentados pelos carteiros. Assim como em Conventos, os bairros Santo Antônio e Morro 25 também são prejudicados pela falta de estrutura. “Nestes dois bairros a incidência é um pouco menor. Mas também acontece.”
O gerente acrescenta que os Correios encaminham aos remetentes as cartas devolvidas. Algumas ficam retidas em determinados períodos nas agências por meio de contrato, como documentos de ve ículos. Estes ficam guardados por um ano, antes de serem devolvidos para a estatal. “Multas ficam até sete dias nos Correios.”
Responsável pela entrega no bairro, o carteiro Renato Daniel Bruch diz que demora cerca de uma hora por dia para preencher formulários de devolução. Muitas vezes os nomes de ruas sequer existem.
Ele conta que a situação melhorou desde o início das entregas no bairro. “Isso porque algumas pessoas eu conheço e mesmo sem endereço consigo entregar.”
Bruch diz que muitos moradores escolhem os números sem critérios. “Alguns ganham no jogo do bicho e colocam o número na frente de casa. Outros porque simplesmente gostam de determinado número.”
Como se adaptar
Gerson Jacob Schneider não tem número na casa e diz que teve de buscar diversas correspondências na central de distribuição, pois não foram entregues em sua casa. Ele diz que tinha os números na fachada de sua casa, mas que eles foram perdidos durante uma obra de reforma. “Quando tiver um tempo vou atrás, assim evito incômodo.”
Segundo o secretário de Planejamento, João Alberto Fluck, os moradores devem solicitar para a secretaria o número da residência.
Sobre a falta de placas indicativas das ruas, Fluck garante que são colocadas conforme a necessidade e os pedidos da comunidade, mas que o vandalismo contribui para a falta de sinalização.
Aumento da demanda
Hagemann lembra que em abril de 2010 os Correios passaram a atender em mais nove bairros da cidade. Além de Conventos, moradores do Igrejinha, Nações, Florestal, Campestre, São Bento, Imigrante, Centenário e parte do Universitário passaram a receber suas correspondências em casa. Hoje, mais de 800 ruas estão na rota dos carteiros.
Na época, nove funcionários foram contratados para atender a nova demanda. Hoje, 42 entregadores trabalham na cidade e outros seis também são responsáveis pelo transbordo de correspondências para outras 34 cidades da região. “Como a demanda é grande, estes casos de devolução atrapalham ainda mais nosso serviço.”