A proposta de concluir a duplicação da BR-386, entre Tabaí e Estrela, pode ser atrasada. A Conpasul, uma das construtoras responsáveis pela obra, mostra preocupação caso o trecho entre Estrela e Bom Retiro do Sul permaneça interditado até o dia 15 de julho.
A coordenadora de Acompanhamento de Licenciamento Ambiental da Fundação Nacional do Índio (Funai), Júlia Paiva, ressalta que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) descumpre o acordo firmado em 2009.
Júlia destaca que o Dnit ainda não comprou uma área para a realocação das 25 famílias caingangues que moram no trecho de nove quilômetros, às margens da rodovia, inviabilizando o início da duplicação no local – o único que não foi iniciado.
Ela acrescenta que o Dnit também é responsável por transferir as famílias de baixa renda que moram próximas do local. Os demais subprogramas previstos no planejamento da duplicação estão em andamento.
O superintendente do Dnit, Vladimir Casa, foi procurado pela reportagem durante a quarta-feira, mas não respondeu aos questionamentos. Em fevereiro, ele se comprometeu a realocar os caingangues, mas disse que a compra da área dependia de estudos da Funai.
Exigências da Funai
– Conforme o “Programa de Apoio às Comunidades Caingangues”, elaborado pelo Dnit, a área a ser adquirida para a comunidade de Estrela corresponde a 33 hectares;
– Parte da área deve ser adquirida, preferencialmente, de remanescente florestal e parte de terra agricultável;
– A área não precisa ser em Estrela.
Histórico da obra
5 de maio de 2004 – Líderes de seis municípios se reúnem e formam uma comissão para lutar pela duplicação da rodovia;
29 de agosto de 2006 – O Vale do Taquari lança a campanha Duplicação da BR-386: Duplique Esta Ideia;
6 de agosto de 2008 – Depois de 13 pessoas morrerem na colisão entre um ônibus e um caminhão, técnicos do governo retomam os trabalhos para a duplicação;
6 de dezembro de 2009 – O Ibama concede a licença para alargar a estrada, abrindo caminho para a publicação do edital de licitação;
29 de julho de 2010 – É dada a ordem de início das obras de duplicação do trecho entre Estrela e Tabaí.
Construtores queriam concluir obra em dois anos
O contrato firmado pelo governo federal com as empreiteiras estipula que a obra deve ser concluída em três anos. A duplicação começou em novembro de 2010 e as construtoras queriam terminá-la em, no máximo, 24 meses.
A demora na realocação das famílias indígenas e de baixa renda que moram nas proximidades da rodovia deve atrasar o cronograma. Segundo o diretor da Conpasul – uma das responsáveis pela execução –, Nilto Scapin, a meta deve ser estendida em mais seis meses.
Scapin evita comentar mais sobre o assunto. Ele destaca que, na próxima quarta-feira, será realizada uma reunião com os responsáveis pela obra e a Comissão Pró-Duplicação para avaliar o andamento dos trabalhos. O Dnit foi convidado, mas não confirmou a participação.