Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) colocou o pequeno município do Vale do Taquari, emancipado em 1996, no centro das atenções do país. Com 2,7 mil habitantes, a cidade de origem germânica despontou como primeira colocada no ranking nacional de distribuição de renda. Imigrante com a 22ª posição, e Lajeado, com a 38ª, foram outros destaques da região.
Segundo o estudo divulgado, 94,1% das famílias pertencem às classes econômicas A, B e C e recebem salários iguais ou superiores a R$ 1,2 mil. Apenas 5,8% vivem nas classes D e E e só três famílias recebem o Bolsa Família.
Com 427 propriedades rurais distribuídas nos mais de 6 mil hectares de área da cidade, a agricultura é apontada pela administração municipal como principal responsável pelo desenvolvimento da cidade. O setor metalúrgico, com duas empresas responsáveis por cem empregos diretos, é outro destaque econômico da cidade. A estrutura viária tem quase 80% das vias asfaltadas.
Segundo o prefeito Sérgio Marasca, em 2010, a agricultura gerou 64,9% do retorno de ICMS, o que significa pouco mais de R$ 7 milhões. “No último ano, a administração municipal investiu R$ 1,6 milhão na agricultura. Um aumento de quase 70% em relação a 2008. Em financiamentos do governo federal chegaram R$ 4,7 milhões para o setor.
A agricultura é distribuída em três setores: leite, frango e suíno. Quase 90% das propriedades trabalha com dois destes produtos. Algumas cultivam todos, e 80% delas estão mecanizadas. “As famílias têm duas ou três fontes de renda, isto contribui para evitar o êxodo rural.”
Gastando pouco mais de 34% no funcionalismo público, Marasca diz que pode investir mais em benefícios rurais. Entre eles, destaca os trabalhos gratuitos de terraplenagem e abertura de acessos nas propriedades, água potável disponível por meio de poços gerenciados por associações, a distribuição de adubo, ureia e sementes, e os investimentos em inclusão digital. “Hoje, 100% das propriedades têm acesso à internet. Até o fim do ano, queremos instalar telefonia direta em todas as áreas da cidade.”
O crescimento do setor nos últimos dez anos é comprovado por meio de estatísticas. Em 2001, a produção anual de leite era de sete milhões de litros. Em 2010, foram 16,2 milhões. A cidade tem um frigorífico da Languiru, responsável pelo abate diário de 115 mil frangos. Nela, trabalham cerca de 600 funcionários diretos. Em 2010, foram 15,5 milhões de frangos de corte produzidos.
Organização e baixo êxodo rural
O secretário de Agricultura, Clóvis Landmeier destaca o trabalho da Associação de Desenvolvimento Rural Sustentável de Westfália. Com diretoria própria, recebe apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), e também subsídios, maquinários e implementos da administração municipal. Ela dispõe de dois tratores e 17 implementos agrícolas, que estão à disposição dos agricultores para os mais diversos serviços.
Inexistem agroindústrias familiares em Westfália. Mesmo assim, em 65% das propriedades, os filhos decidem investir na agricultura. “As pessoas estão tomando consciência do quanto é rentável investir, de forma organizada, na produção primária”, avalia o secretário.
Lucas Frederico Ahlert é um exemplo disto. Filho do produtor Vitor Cristiano Ahlert, o jovem de 15 anos se formará no próximo ano como técnico em Agropecuária. Pretende seguir o negócio do pai. “Quero ficar na propriedade e tentar manter a produção.”
Na propriedade, são produzidos por ano 160 mil litros de leite e abatidos 140 mil frangos e mil suínos. “Construirei outro aviário para que meu filho possa assumir, se esta for a vontade dele”, avisa Vitor, técnico em Agropecuária formado há mais de 30 anos.