Crianças aprendem dois idiomas juntos

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Crianças aprendem dois idiomas juntos

Crianças aprendem inglês cada vez mais cedo. A influência vem dos pais, que procuram este serviço para abrandar as dificuldades dos filhos em aprender o segundo idioma na adolescência. Em Lajeado, cresce a procura e oferta em creches particulares e cursos especializados.

inglesJoão Pedro Cortez Schardong faz parte deste quadro. Com dois anos e três meses ele já diz algumas palavras em inglês. A preferida é bye. A mãe, Maria Eduarda Brito Cortez, 25 anos, considera importante que a escola ofereça uma segunda língua. “O inglês é universal e quanto mais cedo a criança for estimulada mais facilidade terá.”

Os pais acham engraçado quando João Pedro, que está aprendendo também a língua portuguesa, fala algumas palavras em inglês. A mãe diz que quando procurou escolhinhas para deixar o filho durante o dia, as aulas de inglês foram uma exigência.

Pesquisas de neurocientistas apontam que o melhor momento para aprender uma segunda língua é na infância. Eles mostram que no primeiro ano de vida, a criança tem capacidade de identificar e discriminar sons com perfeição. Por isso, ter contato desde pequeno com o inglês facilita que eles falem a língua mais tarde sem sotaques.

A coordenadora pedagógica de um curso de inglês de Lajeado, Lilian Bohrer, diz que este tipo de aprendizado precisa ser especial e é a criança quem escolhe o curso e não os pais. Ela conta que os jogos e brinquedos são os grandes incentivadores. “A criança quer ler e entender as instruções, que na maioria das vezes são em inglês.”

Lilian destaca que o trabalho precisa envolver brincadeiras. Tudo o que falam, também precisam fazer. “Usando hábitos é mais fácil de aprender inglês, gostamos do exemplo da receita. Ensinamos os ingredientes usando-os.” Segundo ela, a maior ênfase é na oralidade.

A coordenadora cita que as crianças falam inglês em casa quando brincam e não quando são cobrados dos pais. Segundo ela, os resultados não são imediatos nesta idade.

Bernardo Adam Tozzo, 6 anos; Giulia Foletto, 8 anos; e Gustavo Schneider Pacheco, 10 anos, só podem falar em inglês dentro da sala de aula. Eles estudam há um ano e meio a língua e se sentem à vontade na conversação básica. Os três fazem parte da turma Kid, de uma escola de idiomas de Lajeado.

Especialistas dizem que as crianças não se tornarão bilíngues por causa de uma hora de aula por semana, mas terão mais facilidade para raciocinar em inglês. E alertam sobre as cobranças dos pais. Lilian também cita que os pais ficam ansiosos para ouvirem a criança falar em inglês, mas é preciso ter calma. Segundo ela, as aulas devem servir para brincar e serem prazerosas.

Hoje, 15% das crianças têm algum tipo de dificuldade na aprendizagem e conforme psicopedagogas de universidades, aprender uma nova língua pode causar uma grande carga no cérebro, que reflete na hora de escrever.

“Os pais querem que os bebês tenham aula”

A diretora de uma escola de Educação Infantil de Lajeado, Luciana Nunes, relata que os pais reclamam que as aulas são oferecidas só para crianças maiores de 3 anos. “Os pais querem que os bebês tenham aula.”

Luciana considera um trabalho em vão dar aulas para bebês. Segundo ela, precisaria de uma pessoa 24 horas por dia falando inglês fluente para que o bebê capte o idioma. A escola oferece o serviço há 13 anos a pedido dos pais.

A professora de inglês, Mariana Dumcke ensina o idioma com teatro, músicas e peças coloridas para atrair a atenção da criança. Nesta idade eles aprendem sobre animais, números, cores, frutas, sabores, objetos, verbos, sentimentos, membros da família e frases curtas de comando.

Ana Carolina Radaelli, 4 anos, sabe falar e identificar vários objetos em inglês. Borboletas e animais são os prediletos. Sua tia mora na Austrália e lhe traz livros e brinquedos com instruções em inglês. Ela conta que quer aprender a brincar com eles.

Mais um idioma por brincadeira, sem obrigação

A psicóloga Claudia Sbaraini analisa que o desenvolvimento e o aprendizado da linguagem da criança é paralelo com sua descoberta do mundo e com o estabelecimento das relações parentais. Segundo ela, isso é diferente para cada criança. Depende do quanto ela é estimulada e de quanto investimento ela tem.

Claudia destaca que um dos fatores que mais leva uma criança a desenvolver sintomas de estresse é o acúmulo de tarefas e o pouco tempo para brincar. Ela diz que a infância está cada vez mais curta. “Acelerar tão cedo o aprendizado de uma nova língua pode sobrecarregar a criança e colocar muitas expectativas em relação ao seu futuro.”

Conforme a psicóloga, para uma criança, o mais importante é que ela possa receber atenção, cuidado e amor, é isso que a tornará um adulto feliz e competente. Para ela, hoje é comum que os filhos tenham uma infância sobrecarregada, em que as crianças se tornam pseudoadultas. “A maior preocupação dos pais é investir com acúmulos de tarefas, para que seu filho se destaque de forma precoce.”

Os pais, cada vez menos, investem no desenvolvimento emocional. Para ela, é negativo uma criança antecipar etapas. Claudia considera que se aprender uma nova língua será lúdico e divertido para ela, pode ser algo interessante, mas se for mais uma exigência e expectativa dos pais em relação ao seu desempenho no futuro, pode ser algo prejudicial ao seu desenvolvimento.

Curso para bebês

A All English for Babies, presente na Europa e America Latina, tenta trazer o seu sistema de ensino para bebês para o Brasil. Ele foi criado em 2001 e já funciona em escolas de Florianópolis, Brasília, Rio de Janeiro e Recife. Crianças a partir de oito meses recebem aulas de inglês.

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