Oprojeto começou em 2003 e desde então funcionou com auxílio de voluntários, doações e recursos municipais. Mas, sem receber repasses da administração municipal desde dezembro em 2010, a sede do Projeto Raio de Luz, no bairro Jardim do Trabalhador, fechou. No local, eram oferecidas oficinas gratuitas de artes marciais, percussão, leitura, informática e para cerca de 150 crianças carentes no horário oposto ao da escola.
A diretoria diz que gastava R$ 50 de aluguel no início. O restante do pagamento era por meio de reformas feitas no prédio pelos próprios voluntários. Após as reformas, o aluguel passou para R$ 350. “Não há mais condições de pagarmos. Nossos professores nos auxiliam por amor a camiseta mesmo”, salienta o idealizador do projeto, Vagner Rodrigues Galiano.
Mesmo sem os repasses, a equipe seguirá trabalhando em uma sala localizada na Escola Erico Verissimo, no centro, e que foi reformada pelos voluntários do projeto. A maioria das crianças atendidas na antiga sede não tem condições para se locomover até lá. “Os alunos do bairro Jardim do Trabalhador ficarão sem atendimento e voltarão às ruas”, lamenta Galiano. Ele confirma que as atividades na escola devem se encerrar este ano.
O projeto atende a outras três escolas. Estes atendimentos serão encerrados em breve por falta de recursos. “Estamos pagando do próprio bolso.” Desde a fundação do projeto, o pequeno tatame construído na sede foi o início para atletas se consagrarem no cenário nacional e internacional. Segundo Galiano, os alunos do projeto são responsáveis por um título mundial e outro brasileiro de jiu-jítsu, além de campeonatos gaúchos de jiu-jítsu e luta olímpica.
Terreno não foi cedido
Em outubro de 2010, a administração municipal autorizou, por meio de lei municipal, a concessão de um terreno de 3,2 mil metros quadrados para a Associação Projeto Raio de Luz a fim de construir a sede própria. O prefeito Paulo Costi encaminhou projeto de lei para a câmara de vereadores, sendo aprovado.
Segundo Galiano, a diretoria nunca recebeu nenhum documento, confirmando o repasse do terreno, e este está sendo utilizado como estacionamento irregular. “Disseram que a comunidade do bairro queria uma praça naquele local, e que teríamos que decidir com os moradores o que fazer com o terreno.”
Sheyla do Nascimento, presidente do projeto, lamenta o mau uso do local, hoje utilizado por usuários e traficantes de drogas. “Esse terreno nunca foi usado pela comunidade, só houve interesse depois que pensaram em nos repassar.”
Repasse de R$ 22 mil não veio
Scheyla diz que propôs no início do ano um projeto de R$ 100 mil para atender a toda rede de ensino municipal. Haveria oficinas de artes marciais, música e informática, além da distribuição de lanches para os alunos. Com a recusa da administração municipal, um novo projeto de R$ 65 mil foi encaminhado, mas foi recusado. Por fim, a diretoria pediu auxílio de R$ 25 mil para continuar trabalhando este ano.
Em maio, o Executivo enviou ao Legislativo um pedido para repassar até R$ 22 mil ao projeto. Quase dois meses depois de aprovado, nenhum valor foi repassado. “Chegamos a comemorar a aprovação do repasse, mas depois percebemos que não receberíamos o valor”, lamenta Galiano. Segundo ele, a administração municipal argumenta que não tem esse recurso e ofereceu só R$ 5 mil para auxiliar nas despesas de 2011.
Administraçãoconfirma repasse
Segundo o secretário de Administração, Luciano Moresco, foi liberado na semana passada R$ 7 mil referentes ao projeto de lei que previa repasse de até R$ 22 mil. Sobre a área verde que seria cedida ao projeto, ele diz que a administração municipal ouviu toda a comunidade. “Constatamos que a maioria não concordava com a destinação.”