Exclusão na terceira idade alerta famílias

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Exclusão na terceira idade alerta famílias

As dificuldades em encon­trar um profissional que cuide e dê atenção ao idoso preocupam. Ape­sar dos cursos técnicos, o aumento da população acima dos 60 anos mostra que faltam conhecimento e preparo à sociedade no cuidado com pessoas da terceira idade.

Segundo o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na região, o município considerado mais velho é Coqueiro Baixo, onde 20,4% dos habitantes têm mais de 65 anos. Em segundo lugar aparece Relva­do com 19,6%; seguido de Colinas, com 18,7%; Imigrante, com 17,6%; e Vespasiano Corrêa, com 17,4%. Os idosos somam 9,3% da popula­ção gaúcha.

idososA falta de tempo para cuidar dos mais velhos força a família a pro­curar um lugar adequado e que não seja prejudicial ao idoso. A ex­tencionista rural, Sandra Gerhar­dt, prefere que sua mãe fique em casa. Ela procura um profissional com noções básicas de enferma­gem e que dê a atenção merecida à sua mãe, Terezinha Feldens.

Aos 70 anos, a idosa mora so­zinha num apartamento. Em al­guns dias da semana, uma diaris­ta lhe faz companhia, limpando o imóvel. Como não consegue mais fazer crochê, pois fraturou o dedo, passa o tempo fazendo doces ou rezando.

O medo é um motivador de sua fé. Há 20 anos foi assaltada e levou um tiro de raspão na cabeça. Até hoje ela agradece a Deus por estar viva. Viúva há 11 anos, Terezinha se queixa que nas últimas duas se­manas sente dores musculares.

Ela afirma que toda vez que pre­cisa, seus seis filhos lhe ajudam, mas procura um profissional da área. “É mais para me fazer com­panhia.” Mudou-se da casa grande para o apartamento e em tom me­lancólico conclui: “Sinto falta dos meus cachorros.”

Novo curso na Univates

Uma parceria entre a Uni­vates e a PUC poderá trazer a Lajeado os cursos de es­pecialização em Geriatria e Geriodontologia em abril de 2012.

Conforme a professora e coordenadora do Programa Integrado de Extensão para Terceira Idade (Pieti) Ales­sandra Brod, os formados das áreas da Saúde, como Fisioterapia, Nutrição e ou­tros são indicados ao curso. Alessandra afirma que Pieti, desenvolvido com os idosos no campus da Univates, in­centiva atividades diferentes.

No Vale, são feitos 150 bailes por ano promovidos pelas administrações mu­nicipais. Segundo Alessan­dra, o aumento de idosos é visto pela sociedade como um problema. Apenas 30% desse público participa de atividades. Há exercícios que fogem dos tradicionais bai­les. Em Progresso, o teatro é utilizado para incentivar a terceira idade a praticar exercícios, não só da mente, mas do corpo.

Lares de idosos enfrentam dificuldades

Em agosto de 2010, o Lar de Idosos São José, de Lajeado, teve uma intervenção da Vigilância Sanitária. Na ocasião, a proprie­tária Claudete Strasburger disse não ter condições para adequar a instituição às normas exigi­das pelo Ministério Público, que aguarda hoje um relatório das melhorias.

Claudete afirma que as doações de alimentos e material de limpe­za ajudam, mas não resolvem os problemas. Falta material de cons­trução e os profissionais que atu­am são mal remunerados e não têm carteira de trabalho assinada. Outra carência são os voluntários para atividades recreativas.

Conforme a técnica em en­fermagem Cleonice Rodrigues, o trabalho com idosos provoca uma debilidade psicológica, mas é gratificante. “Exigem muita atenção, pois são crianças regres­sivas. Mas, amo o que faço.”

Ela afirma que as condições físicas de trabalho melhoraram, mas falta apoio da comunidade. Com o salário de R$ 640 mensais é difícil pagar um psicólogo, por exemplo. Para Cleonice, faltam gerenciamento e organização nos lares de idosos. “Temos que traba­lhar com o mínimo do mínimo.”

Apesar de haver cursos na área, existe o déficit profissional de mé­dicos geriatras e técnicos. Nem tudo se aprende na teoria. Para atender as necessidades de uma pessoa que sofreu Acidente Vascu­lar Cerebral (AVC), por exemplo, é preciso conhecê-la. “Seu olhar diz muito.”

Mercado inexplorado

A Clínica Jô Barth, de Cru­zeiro do Sul, funciona há 17 anos. O fundador, Jorge Bar­th percebeu que era necessá­rio abrir um centro clínico vol­tado à terceira idade. Passou a morar no trabalho e abriu uma filial devido à demanda. Barth, mais conhecido como “Jô”, recebeu o troféu desta­que empresarial do Instituto Evidência em 2003.

Em 2004, o fundador mor­reu vítima de um câncer. O filho Rafael continuou os tra­balhos sociais do pai com apenas uma das unidades, que hoje abriga 28 idosos. Formada em Ciências Con­tábeis, a administradora da Clínica Geriátrica Jô Barth, Luciane Cristina da Silva, afirma que a entidade mudou sua vida. Deixou seu trabalho e começou a estudar enfer­magem na Universidade de Santa Cruz (Unisc).

Ela não encontrava um lu­gar para deixar seu pai José Antônio da Silva, 71 anos, que teve um AVC. Depois de procurar asilos em Arroio do Meio, Venâncio Aires, Ta­quari, São Leopoldo e Novo Hamburgo, encontrou a clíni­ca de Cruzeiro do Sul.

A dificuldade motivou o in­vestimento no ramo. Luciane acomodou seu pai e conhe­ceu o namorado – filho do então proprietário. O apoio foi fundamental. Hoje, eles pretendem abrir uma filial em Venâncio Aires. “É uma fatia do mercado que deve ser mais explorada.”

Barth afirma que acima de tudo é preciso gostar, pois muitas vezes o esgotamento físico e psiocológico interfere na vida particular e, com fre­quência, muitos profissionais deixam de trabalhar por não suportar a carga.

Depressão na terceira idade

Para o psiquiatra José Katz, o desgaste físico e emocional são os principais responsáveis pelos sin­tomas da depressão. Na terceira idade a perda de capacidade para reiventar traz à tona a tristeza e o sentimento de incapacidade, que tentam reencontrar “os pedaços da vida”.

Katz afirma que o principal mo­tivo da melancolia é o que deixa­ram de viver por causa da família ou da sociedade. Os idosos se fe­cham, mas o jovem deve estar pre­sente para lhes dar apoio. “Muitos debocham e não se dão conta que um dia serão um deles.”

Inexistem fórmulas prontas para tornar a terceira idade sau­dável e feliz. Tudo dependerá do que foi vivido pela pessoa. “Como uma mãe que perdeu filhos em acidente de trânsito será feliz na velhice?” As medicações dimi­nuem os sentimentos depressivos, mas é preciso que a sociedade mude a postura e veja que idoso não é “carta fora do baralho”.

Direito dos idosos

O presidente da Associa­ção dos Trabalhadores Apo­sentados e Pensionistas de Lajeado e Região (Atapel), José Pedro Kuhn afirma que na última semana esteve reunido com o ministro da Previdência Social, Ga­ribaldi Alves Filho, para intensificar a “política da fiscalização”. “Com a reforma tribu­tária, serão R$ 21 bilhões a menos na previdência.”

Exercícios são benéficos

Segundo a neu­rologista Carmen Beltrame, a família pode incentivar a atividade mental e física como: jogar dominó, praticar palavras cruza­das, dançar, ouvir música e praticar caminhadas.

Faltam acade­mias especializadas na terceira idade e professores de Educação Física para esta faixa etária. A leitura e o artesanato são óti­mos para manter a fiscalização”. “Com a reforma tribu­tária, serão R$ 21 bilhões a menos na previdência.”

consciência ativa. Um dos problemas é que muitos idosos são analfabetos, mas trabalhos manuais contri­buem

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