Consumidores que deixam de pagar suas dívidas aumentaram neste ano. Dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do município mostram que em abril deste ano houve crescimento de 26% nas inadimplências.
Esse aumento motivou o avanço de 17% nas consultas feitas pelas lojas antes da efetivação da venda parcelada. O vice-presidente de Serviços da CDL Lajeado, Heinz Rockenbach, diz que o momento econômico, a elevação da inflação e o nível de endividamento dos consumidores influenciaram no resultado.
“O momento é ruim para o comércio, porque o atraso dos pagamentos reflete no caixa das empresas.” Segundo Rockenbach, agora é o momento de fazer escolhas para adequar o orçamento e priorizar o pagamento em dia de determinadas contas em detrimento de outras.
A gerente de uma loja de roupas no centro de Lajeado, Juliana Dullius Dick, diz que os cuidados com o crédito se iniciam quando a pessoa faz o cadastro no estabelecimento. É fixado um limite de compras de acordo com a sua renda.
Segundo Juliana, a empresa começa a conversar com o cliente depois de 15 dias de atraso no pagamento e com 35 dias ele entra no cadastro do SPC. “Mesmo assim, continuamos negociando com a pessoa para que ela saia da dívida e siga como nossa cliente.”
A Federação do Comércio de Bens e de Serviços do estado (Fecomércio-RS) divulgou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das famílias gaúchas na segunda-feira. A quantidade de pessoas com contas a pagar subiu 17% em maio, atingindo 80% das famílias.
O presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, Zildo De Marchi, diz que o dado é reflexo das compras para o Dia das Mães, celebrado no dia 8 de maio, aliado aos efeitos das políticas monetárias que são praticadas pelo governo desde 2010, como aumento dos juros, da taxa Selic e do IOF para operações de pessoas físicas.
O levantamento mostra que a quantidade de famílias com contas atrasadas, em maio, era 51%, enquanto em abril, 37%. O maior responsável pelos débitos continua sendo o cartão de crédito com 66,7%; seguido pelos carnês, 45,4%; e pelo cheque especial, 30,2%.
O que é o SPC
É uma ferramenta no processo de análise de crédito. A pessoa que estiver como inadimplente terá a dívida exposta no sistema e as lojas associadas aos CDLs terão acesso ao cadastro. Contam dívidas em carnês, cheques e títulos de cartório.
Para verificar se o nome consta no sistema é preciso ir até o CDL com um documento de identificação. Hoje, cerca de 30 pessoas por dia procuram a entidade para o serviço.
O endividado sai do cadastro pagando a dívida ao fornecedor (veja boxe), ou depois de cinco anos o registro “caduca” automaticamente. Depois de sair do sistema a pessoa não pode mais aparecer como inadimplente.
Inadimplência com cheques recua
Em abril, houve 2% de cheques devolvidos do total de compensados, 5,8% a menos que em março, quando foram registrados 2,13% de devoluções, conforme revela o Indicador Serasa Experian de Cheques Sem Fundos.
Em relação ao mesmo mês do ano passado, houve crescimento de 7,5% na incidência de cheques devolvidos por falta de fundos. Segundo os economistas da Serasa Experian, a queda mensal no número de cheques sem fundos registrada em abril decorre do fim do período de concentração sazonal de pagamentos (parcelas de IPVA em vários estados, IPTU, despesas escolares, parcelamentos de compras de fim de ano e das férias), período que costuma ser crítico para o orçamento familiar.
Desde o dia 16 de maio, vigoram as novas regras para devolução de cheques e compensação por meio de imagem digitalizada. Agora, os bancos só poderão alegar falta de fundos ou conta encerrada na devolução de cheques quando não houver qualquer outro motivo que justifique o ato. Se houver erro de preenchimento ou assinatura indevida, o banco deverá anotá-lo como motivação da devolução.
Com isso, deve cair o número de clientes que têm o nome incluído no cadastro de emitentes de cheques sem fundo.
Como retirar o nome da lista de inadimplência
O primeiro passo é identificar qual o tipo de pendência registrada.
No caso de empresas de varejo, utilidades, bancos e financeiras, deve-se entrar em contato com o credor para negociar a dívida. Caso seja feito um acordo para o pagamento da dívida, a empresa que solicitou a inclusão do débito junto aos órgãos de proteção ao crédito deverá solicitar a exclusão da informação de débito.
No caso de cheques devolvidos (a partir da segunda devolução é anotado no CCF – Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundo do Banco Central), deve-se recuperar o cheque junto ao fornecedor. Deve-se apresentar o cheque e a comprovação da quitação na agência bancária vinculada ao cheque, e solicitar a exclusão do cadastro do CCF.
No caso de títulos de protesto originados de nota promissória, duplicata, letra de câmbio ou cheque sem fundo, deve-se procurar o cartório no qual foi lavrado o débito. Deve-se solicitar uma certidão a fim de obter informações de identificação (nome, telefone e endereço) da pessoa que protestou. Depois entre em contato e quite o débito.
Resgate o título (documento que gerou o protesto) e, também deve ser solicitada uma carta de anuência ou recibo de pagamento. Apresente esses documentos no cartório onde o título foi apresentado para que a baixa seja efetuada.