As novas diretrizes para o Ensino Médio foram aprovadas nesta quarta-feira pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). Isto não ocorria desde 1998. A medida propiciará às escolas a oportunidade de montar grades curriculares particularizadas para os estudantes, envolvendo trabalho, ciência e tecnologia e cultura.
A medida precisa ser homologa pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. Além da possível mudança curricular, será discutida a ampliação da carga horária do Ensino Médio, que hoje é de três anos. A carga mínima de 2,4 mil horas será mantida, mas será sugerido aumento de 20% para o ensino à distância, principalmente no período da noite.
O projeto está sendo estudado há oito meses e visa modificar a realidade do ensino brasileiro, que hoje tem os piores índices em termos de aprendizado e de evasão escolar. O texto dá a cada rede ou escola a liberdade para escolher como distribuirá as aulas e exigirá a permanência de disciplinas como Matemática, Português e Ciências.
Experiência bem sucedida
A Escola São Miguel, de Linha Sítio, em Cruzeiro do Sul, aguarda pela aprovação das novas diretrizes. Segundo a diretora, Ana Lúcia Reckziegel, desde 2000 os alunos têm aulas práticas no período da manhã, aprendendo como cultivar frutas e vegetais, e criar porcos e galinhas. Eles aprendem como preparar doces, bolachas, pães e sabão. “Se tivermos a oportunidade de criar uma disciplina exclusiva para isto, poderemos dar melhores condições para estes alunos.”
Ela garante que o envolvimento dos alunos surpreende a própria direção, e que muitos estudantes do centro da cidade demonstraram interesse em estudar na escola. “Se houver mais incentivos para agroindústrias familiares, estas crianças poderão construir seus futuros sem deixar a área rural”, acredita. Ela acrescenta que as novas disciplinas podem ajudar os alunos a permanecerem mais no ambiente escolar.
Alternativa para evitar evasão
Para a coordenadora da 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Marisa Bastos, a ideia de flexibilizar a grade curricular é importante para evitar a evasão escolar. “É uma alternativa para atrair novamente o aluno ao ambiente escolar, principalmente no turno da noite”, avalia.
Ela observa que uma possível falta de professores para estas novas disciplinas será um desafio para as universidades. “Essas devem repensar seus cursos, já pensando no futuro do ensino escolar.” Acrescenta que hoje há pouca formação de profissionais para lecionarem Geografia, Artes e Inglês.