Líderes das regiões do Vale do Taquari e Alto da Serra do Botucaraí se reuniram na Exposol para debater a duplicação da BR-386, entre as cidades de Lajeado e Tio Hugo. O trecho compreende cerca de 130 quilômetros. A intenção agora é ampliar a participação na Comissão Pró-duplicação.
O presidente da Associação Industrial e Comercial de Lajeado (Acil), Valmor Scapini, admite que este é o primeiro passo para uma longa caminhada até o atendimento da reivindicação. Scapini se baseia no histórico da duplicação Tabaí-Estrela, em que as manifestações começaram em 1981.
Ele salienta que as negociações precisam ser feitas por etapas. “Hoje, a sociedade está mais organizada e sabe dos seus deveres, mas também dos seus direitos.” Scapini argumenta que a duplicação entre as duas cidades é uma necessidade econômica. Segundo ele, a frota do estado aumentou significativamente e as estradas precisam acompanhar esse ritmo.
No Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit) há um pedido feito para a duplicação do trecho Lajeado a Fontoura Xavier. Mas, as autoridades se mobilizam para ampliar o trecho até Tio Hugo, no acesso a Passo Fundo.
Uma nova comissão será formada nas próximas semanas para elencar as prioridades de reivindicações. De acordo com o presidente do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), Ney Lazzari, com a comissão ampliada a busca por melhorias na rodovia poderá ser facilitada. Ele lembra que a união de forças entre as representações sociais possibilitou as duplicações dos trechos Tabaí-Canoas e Estrela-Tabaí.
O prefeito de Soledade, Gelson Cainelli, acredita na proposta. Ele ressalta que o perímetro urbano do município cresceu e, com isso, o número de crimes de trânsito. Em seus três anos de gestão, houve três mortes na BR-386.
O deputado federal Jerônimo Göergen (PP) foi o único a participar da reunião. Ele se comprometeu em conversar com o ministro dos Transportes para agilizar as obras, mas pede cautela. “Não é uma obra que ocorrerá de um dia para outro. Temos que conversar com a bancada gaúcha para conseguir emenda parlamentar.”
Mais audiências
Na próxima sexta-feira, às 19h, será feita outra audiência pública na Câmara de Vereadores de Lajeado pela Comissão de Segurança e Serviços Públicos e Economia e Desenvolvimento Sustentável.
A discussão será a mesma que ocorre em Soledade – continuação da duplicação da BR-386 no trecho entre os municípios de Lajeado e Tio Hugo. O deputado Luís Fernando Schmidt (PT) pretende debater com prefeitos do Vale do Taquari um projeto em âmbito federal para a duplicação da rodovia entre esses municípios.
Schmidt reconhece que a questão pode demorar, mas afirma que as tratativas devem iniciar o quanto antes.
O perigo e fluxo da rodovia
No trecho da BR-386 em discussão, passam mais de 180 mil veículos por mês. Desde o início de 2010, foram registrados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Lajeado, 768 acidente na BR-386, trecho Soledade/Tabaí. Nestes, 479 pessoas ficaram feridas e 34 morreram.
A pavimentação da BR-386 foi planejada pelo Departamento de Estradas de Rodagem (Daer) e traçada para atender a um fluxo diário de três mil veículos. Essa capacidade, desde 2003, vem sendo superada e hoje atinge, no trecho Soledade/Lajeado, seis mil veículos por dia e no trecho Lajeado/Tabaí, 11 mil veículos por dia.
A rodovia é de transporte de cargas e a maioria dos acidentes acontece porque um veículo de passeio tentou ultrapassar outro pesado. Conforme a polícia rodoviária, a duplicação reduziria 90% dos acidentes no trecho.
Primeira mobilização levou 30 anos
Outra mobilização semelhante teve êxito em agosto de 2010. Depois de quase 30 anos de pedidos feitos por lideranças locais, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, esteve na região a fim de assinar a ordem de serviço para duplicar o trecho Lajeado/Tabaí.
Houve empecilhos para o início das obras como licenças ambientais e acordos com índios que vivem às margens da BR-386. Mas, no início deste ano, as obras começaram.
Com 454,9 quilômetros de extensão, a BR-386 tem a função de escoar as safras agrícolas do estado e beneficia cerca de 30% da população. As obras orçadas em R$ 147 milhões terão uma extensão de 34 quilômetros e tem previsão de conclusão de três anos.