O prazo para fechamento da Calçados Andreza S/A se encerra nesta sexta-feira. Os 525 funcionários receberão seus direitos e serão liberados. A Bottero, que há 15 dias manifestou interesse na compra dos prédios, desistiu.
Uma semana depois de anunciar encerramento das atividades no município, diretores das calçados Andreza e Bottero se reuniram para negociar a compra dos prédios e mão de obra.
A Bottero queria os prédios, equipamentos e os trabalhadores da Andreza. Seus representantes conversaram com os calçadistas e lhes ofereceram vantagens para permanecer. Foi realizado, inclusive, um plebiscito interno.
A intenção era demitir e pagar os direitos do funcionário e no mesmo dia, a Bottero os recontrataria. Agora, nada disso deve ocorrer.
Neste ano, a Calçados Andreza completa 40 anos. A empresa segue com a filial na Bahia que recebeu incentivos estaduais e federais. Desde o ano passado, tentou se adaptar à velocidade do mercado interno, mas não conseguiu.
Desde que se casaram, há 13 anos, Margani, 36 anos, e Pedro Sdolben, 38 anos, trabalham juntos na empresa de calçados. No início do relacionamento, moravam em Cruzeiro do Sul, mas há quatro anos decidiram se mudar para Santa Clara do Sul.
O casal mora de aluguel em uma casa no centro e tem uma filha, Camile Eduarda, de 8 anos. Eles lastimam a demissão e calculam o aumento de compromissos financeiros com o desemprego.
Sdolben é solador há 20 anos, e Margani trabalha como recuperadora de calçados há 15 anos. Na manhã desta sexta-feira, ela terá que devolver todos os equipamentos que carrega do trabalho para casa como: tesouras, agulhas, corta fio e outros.
Os jalecos serão devolvidos na próxima semana, quando será feito o acerto com a empresa. “Não entendemos, todos esses anos trabalhando para a Andreza e de um dia para o outro temos que recomeçar nossas vidas.”
Com as novas regras do seguro-desemprego, o casal nem procurará pela seguradora. Margani conta que o setor pessoal da Andreza informou que os funcionários não conseguirão retirar o seguro, visto que há várias fábricas do ramo na cidade e na região ofertando vagas. “Procuramos outro emprego, mas está difícil achar algo com os mesmos salários. Há muita gente desempregada e não sabemos o que fazer.”
A primeira venda
Em junho de 2010, a empresa vendeu 30% de sua capacidade produtiva. Depois da venda o foco da Andreza se voltou para o mercado interno, com as marcas Wolp, Mormaii e Puma, com fabricação de mais de seis mil pares por dia.
Nos prédios vendidos funcionava a linha de exportação e o depósito. Os funcionários desses setores foram demitidos e recontratados pela Beira Rio. Com 40 anos de atividade a empresa é a maior de Santa Clara do Sul. Em anos anteriores, teve mais de mil funcionários, hoje reduzidos a 525.
O que o município planeja
O prefeito Paulo César Kohlrausch planeja envolver essas pessoas no programa de incentivo à agricultura, em que a administração municipal repassa R$ 30 mil para novos investidores na área.
Para ele, os funcionários da Calçados Andreza são mão de obra qualificada e conseguirão recolocação rápida no mercado. Ele diz que agora é preciso apostar na diversificação da economia.
Os reflexos do fechamento da empresa serão notados nos cofres públicos em 2013. Mas, segundo o prefeito, a perda dos R$ 21 milhões em valor adicionado da Andreza será suprida pelos R$ 100 milhões previstos pela Beira Rio.