A gasolina e o etanol tiveram uma alta de mais de 20% desde o início do ano. Os donos de postos de combustíveis amargam a diminuição nos lucros que chega a 50% em alguns casos.
Uma Medida Provisória assinada na quinta-feira reduz o percentual mínimo de mistura de álcool anidro na gasolina o que tende a estabilizar os preços nos patamares atuais.
Comunidade e empresários do setor de transportes reclamam que o produto alcançou uma média de R$ 2,93, com máxima de R$ 3,01, em Lajeado e R$ 3,20 em algumas cidades como Sério, no interior do Vale. Em Porto Alegre a média fica em R$ 2,89. Quase diariamente, os preços aumentam.
Em janeiro, os proprietários gastavam cerca de R$ 2,47 pela mesma quantidade do combustível, cujo preço disparou devido ao aumento do etanol, presente em 25% de sua composição.
Waldir da Silva Viana é sócio de uma empresa lajeadense de entregas que recebe em média 120 pedidos diariamente. Ele reclama que os sucessivos aumentos da gasolina tornaram necessário encarecer os serviços para manter a lucratividade.
Segundo ele, em 2005, era cobrado R$ 2,50 por entregas no centro e arredores. Hoje, para compensar os gastos com a frota de 12 motocicletas o preço é de R$ 4.
Há dois anos, cada moto tinha um custo médio de R$ 0,12 por quilômetro rodado. Ele incluía gasolina, funcionário e manutenção. Hoje, o custo é de R$ 0,32. “O prejuízo precisa ser dividido entre as empresas e o cliente.”
Viana lembra que embora o país se considere autossuficiente em petróleo, o custo dos combustíveis é maior do que no Paraguai e Uruguai que importam todo o seu combustível, sem álcool adicionado, por R$ 0,65 o litro.
O gerente de uma rede de postos em Lajeado diz que desde o início do ano as vendas do etanol na região caíram mais de 70%.
Em 2009, ele gastava por mês cerca de R$ 1 mil em gasolina. Hoje, este valor chega a R$ 1,4 mil. Bolinha calcula que esses fatores acarretam perda de lucratividade de mais de 30% para os taxistas.
Interior teme mais aumentos
O proprietário de um posto de combustíveis, Hilário Hermes Danieli, há 25 anos no ramo, diz que está cada vez mais difícil de manter o negócio devido às constantes altas nos preço dos combustíveis. A gasolina que no ano passado era vendida a R$ 2,70, hoje custa R$ 3,20.
Ele diz que foi informado pela distribuidora que está previsto para os próximos meses mais um aumento e a gasolina poderá chegar em R$ 3,50 o litro.
Segundo Danieli, os seguidos aumentos prejudicam o consumidor e o fornecedor, que acaba tendo sua clientela reduzida. “O valor, cerca de R$ 0,27 mais caro que em Lajeado, se deve a distância que os caminhões tanques têm que percorrer para chegar ao município.”
Em um posto de Forquetinha, o preço do litro da gasolina é R$ 3,09. O proprietário Heitor Luis Groders diz que, desde o início do ano, a empresa que fornece o combustível aumentou o produto em 21%. A alta foi repassada em 4% para os clientes.
“Estou trabalhando com prejuízo. Terei que subir o preço novamente nos próximos dias.” Segundo Groders, até agora o número de clientes não diminuiu.
A previsão é que preços diminuam
Ontem a presidente Dilma Rousseff assinou uma Medida Provisóriaque determina a redução do percentual mínimo de mistura de álcool anidro na gasolina. Atualmente, esse percentual ficava entre 20% e 25% e, agora, poderá variar de 18% a 25%. A mesma MP também muda a classificação do etanol de produto agrícola para combustível.
Segundo o gerente administrativo de um posto em Lajeado Tiago Augusto Winkelmann, a mudança começou a se refletir nos preços do etanol brasileiro. Em seu empreendimento o produto caiu de R$ 2,85 para R$ 2,79. “Acredito que esta mudança não causará uma baixa no valor da gasolina. Mas, ela fará com que os preços se estabilizem até uma provável queda em maio”
Com a mudança, a venda, estocagem, importação e exportação do etanol estarão sob controle da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e não mais do Ministério. da agricultura.
“Antes não havia uma regulação eficaz da quantidade de hectares plantados para a produção do etanol”. Segundo Winkelmann, conforme o preço do açúcar subia no mercado externo, mais provável era a escassez da matéria prima e o aumento do álcool combustível.