A indefinição sobre quem é o responsável pelo trecho entre Lajeado e Estrela da BR-386 inviabiliza o aumento da velocidade de 60km/h para 80km/h.
O chefe do posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Lajeado, Adão Madril, comenta que o pedido só não foi encaminhado por desconhecer qual estatal é responsável pela rodovia.
Ele espera uma definição entre o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O problema é que os dirigentes dos três órgãos não assumem a responsabilidade.
Por meio da assessoria de imprensa, o Daer informa que os pedidos devem ser feitos ao Dnit. Segundo a estatal, a governadora Yeda Crusius repassou o controle do trecho ao Ministério dos Transportes.
O superintendente do Dnit no estado, Vladimir Casa, desconhece a responsabilidade. Segundo ele, o trecho pertence à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), mas o coordenador estadual do órgão, Haroldo Mata, nega.
Mata diz que o governo federal não reconhece o repasse da concessão da rodovia do estado para o Ministério dos Transportes. Ele acredita que a indefinição tem caráter político – Yeda Crusius é do PSDB, partido de oposição ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“A pista dupla perdeu a função”
Com três multas por excesso de velocidade no trecho – 68km/h, 71km/h e 120km/h -, o empresário Leandro Tedesco, 42 anos, questiona a função da pista dupla da BR-386. De acordo com ele, ultrapassar os veículos mais lentos virou um dilema, porque é difícil encontrar motoristas que trafeguem abaixo do limite imposto.
“A pista dupla perdeu a função (sic)”, desabafa. Ele conta que a nova pista foi implantada para facilitar o fluxo de veículos, mas a velocidade máxima permitida não condiz com a realidade.
Tedesco acredita que, enquanto os carros estão mais seguros e a frota aumenta gradativamente – 5% por ano apenas em Lajeado –, a rodovia não acompanha a evolução do trânsito.
O empresário reside em Conventos e é obrigado a trafegar pela BR-386 para chegar no trabalho. “É impossível que em algum momento o motorista não acelere um pouco mais”, confessa. Além de Tedesco, os oito representantes comerciais da empresa também foram multados por excesso de velocidade no trecho.
Limite atual é retrocesso
Para o presidente da Câmara de Indústria e Comércio (CIC-VT), Oreno Ardêmio Heineck, o limite de velocidade atual é um retrocesso para a BR-386. Segundo ele, outras rodovias federais, como a de Pelotas, os motoristas podem trafegar a 100km/h em um trecho de pista simples.
Heineck acredita que os limites deveriam acompanhar o movimento de cada estrada. Ele conta que, se a velocidade fosse maior, os motoristas se adaptariam e o trânsito fluiria facilmente.
Ele reclama da falta de atenção dos dirigentes do Daer. “Foram diversos os pedidos entregues e até hoje não recebemos nenhuma resposta.” O último documento foi entregue no primeiro semestre de 2010 ao então diretor da estatal, Vicente Britto Pereira.