As constantes reclamações em relação à demora no atendimento da saúde básica no município foi pauta de uma reunião realizada ontem, na câmara de vereadores, por intermédio da Comissão de Obras e Serviços Públicos do Legislativo.
Questionado sobre os problemas nos atendimentos de urgência e emergência, o diretor do Hospital Bruno Born (HBB), Elton Calegaro, falou sobre os repasses recebidos do município e do estado. Segundo ele, o valor de R$ 164,2 mil repassados mensalmente pela administração municipal é insuficiente. O contrato vigorará até 2013. “A demanda aumentou 47% desde a assinatura do primeiro convênio em 2007. O ideal, hoje, seria um repasse de R$ 240 mil.”
Calegaro informa que em 2007 a média mensal de atendimentos era de 1,7 mil. Hoje, o número ultrapassa 2,5 mil. Do total de 9.779 atendimentos de emergência no primeiro trimestre de 2011, 77,99% são de lajeadenses. Ele garante que está descartada a possibilidade de romper o contrato com o município, mas cobra urgência numa reavaliação de valores. “O cenário mudou, mas os valores continuam baixos.” Os valores são para atendimentos de urgência e emergência para pacientes de Lajeado que dão entrada na Emergência (antigo pronto-socorro) e também para a atenção básica quando os postos de saúde do município estão fechados, no horário das 22h às 7h, de segunda a sexta-feira, e em sábados, domingos e feriados, 24 horas.
O diretor apresentou também os números dos repasses e contratos com o estado. Segundo ele, desde janeiro, não houve pagamento para custear o serviço da Samu. O contrato prevê R$ 45 mil mensais para o HBB. Há uma diferença de R$ 613 mil que o hospital tem por receber, referente aos meses de dezembro de 2010, e janeiro, fevereiro e março deste ano.
Comissão seguirá fiscalizando
A presidente da comissão, vereadora Eloede Conzatti (PT), criticou a ausência do secretário da Saúde, Renato Specht. Segundo ela, o objetivo do encontro era discutir o atendimento, especialmente o tempo de espera dos pacientes. “A ausência do município na reunião comprova o descaso com a situação”, critica.
Eloede afirmou ter acompanhado pacientes que precisavam dos serviços do pronto-socorro, e que, em uma das ocasiões, havia apenas um médico para mais de 20 pessoas. “A comissão seguirá fiscalizando os serviços dentro do município”, adianta.
Participaram da reunião, representantes da 16ª Coordenadoria de Saúde, do Conselho Municipal de Saúde e da Associação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas de Lajeado e Região (Atapel).
“Gestores se omitem da responsabilidade”
O diretor lamentou a ausência de representantes da Secretaria de Saúde no encontro de ontem. Para ele, os gestores estão se omitindo da responsabilidade pela saúde pública, e tentando jogar a culpa no hospital e nos médicos. “A ausência dos gestores comprova que a saúde não é prioridade para a atual administração”, critica.
Calegaro questiona a qualidade do atendimento básico oferecido pelos postos de saúde, relacionando isto com o aumento na demanda de atendimentos. “Por que as pessoas deixam de ir aos postos para virem ao pronto-socorro?”
Specht, confirma que foi convidado a participar, mas faltou por consequência de outros compromissos com a procuradoria do estado e com a Funasa, que vieram a Lajeado avaliar a situação de saúde dos índios. “Estes compromissos estavam agendados há mais de 20 dias”, justifica. Sobre o pedido de aumento dos repasses, ele prefere não se manifestar. “A secretaria não recebeu nenhum pedido de reajuste. Mas qualquer manifestação oficial por parte do HBB será reavaliado.”
Valores repassados pelos municípios aos hospitais locais
Município |
Valor |
Habitantes |
Média/Per capita |
Teutônia |
R$ 181.000,00 |
27.180 |
R$ 6,66 |
Lajeado |
R$ 164.283,82 |
71.229 |
R$ 2,31 |
Estrela |
R$ 120.00,00 |
30.434 |
R$ 3,94 |
Arroio do Meio |
R$ 80.000,00 |
18.776 |
R$ 4,26 |
Encantado |
R$ 80.000,00 |
20.503 |
R$ 3,90 |
Muçum |
R$ 60.000,00 |
4.791 |
R$ 12,52 |
Especialidades acordadas com Lajeado
CARDIOLOGIA – 9 médicos R$19.000
TRAUMATOLOGIA – 5 médicos R$28.245,36
NEUROLOGIA/ NEUROCIRURGIA – 4 médicos R$ 24.040
ANESTESIAS – 6 médicos R$ 6.200
CIRURGIA CARDIOVASCULAR – 3 médicos R$ 10.000
PEDIATRIA – 10 médicos R$ 23.650
GINECO/OBSTETRÍCIA – 9 médicos R$32.164
CIRURGIA GERAL – 7 médicos R$19.800
ONCOLOGIA – 7 médicos nenhum valor repassado
CLINICA MÉDICA – 10 médicos R$40.825
ÁREA DE IMAGEM – 13 médicos R$3.000
TOTAL: 83 médicos – R$206.924,36