Uma semana depois de anunciar o encerramento das atividades no município diretores das calçados Andreza e Bottero se reuniram para negociar a compra dos prédios e mão de obra.
A Bottero quer os prédios, equipamentos e os 525 trabalhadores da Andreza, que foi objetiva na resposta – “serão os funcionários que decidirão se querem permanecer na empresa”. Na quarta-feira, durante o dia, representantes da Bottero conversaram com os calçadistas e lhes ofereceram vantagens para permanecer.
Os funcionários serão demitidos e receberão seus direitos como: fundo de garantia, férias, décimo-terceiro e multa rescisória da Andreza. No mesmo dia serão contratados pela Bottero, pelo mesmo salário e benefícios.
Vitor Hoppe, 43 anos, trabalha há 25 anos na Andreza. Ele ficou chateado com a o fechamento da empresa pela convivência que tinha com seus chefes, mas diz que os representantes da Bottero transpareceram idoneidade e seriedade. “Ficamos felizes em saber que permaneceremos com a mesma equipe de trabalho.” Hoppe destaca que a empresa garantiu que o processo de adaptação será lento para que todos possam acompanhá-lo.
Neste ano a Calçados Andreza completa 40 anos. O diretor Wolnei Piacini confirma as negociações, mas nega o fechamento do negócio.
A empresa segue com a filial na Bahia que deverá seguir com as atividades devido aos incentivos estaduais e federais que receberam.
Piacini destaca que desde 2010 a empresa tentou se adaptar a velocidade do mercado interno, mas não conseguiu. “Resolvemos parar a produção.” As atividades serão encerradas no dia 6 de maio.
A costureira Clarice Goethens, 55 anos, trabalha na Calçados Andreza há quase 19 anos. Ela diz que foi uma das primeiras funcionárias a receber a notícia de que a fábrica fecharia. Com os papéis da aposentadoria encaminhados, mas sem pretensão de parar de trabalhar, ela ficou surpresa. “Trabalhei durante anos no setor calçadista, achar emprego não seria fácil, pois muita gente estaria desempregada.”
A notícia de que uma empresa negocia a compra da Andreza a deixou feliz e confiante para as compras de Páscoa. Com a mesma opinião, Nadir Heissler, que trabalha no setor financeiro há mais de 12 anos, diz que a vinda da nova fábrica de calçados será boa para a cidade. Heissler diz que diversas empresas de outras cidades ofereceram vagas de empregos depois do anúncio do fechamento da Andreza.
A venda dos 30% da Andreza
Em junho de 2010, a empresa vendeu 30% de sua capacidade produtiva. Os quatro prédios – cinco mil metros quadrados de área construída – a partir da rua 9 de Fevereiro passaram a ser de propriedade da empresa Calçados Beira Rio.
Depois da venda o foco da Andreza se voltou para o mercado interno com as marcas Wolp, Mormaii e Puma. Na Bahia, fabricava a marca Puma, com quatro mil pares diários, e em Santa Clara do Sul, confeccionava as marcas Wolp e Mormaii com 2,3 mil pares por dia.
Nos prédios vendidos funcionava a linha de exportação e o depósito. Os funcionários desses setores foram demitidos e recontratados pela Beira Rio.
Com 40 anos de atividade a empresa é a maior de Santa Clara do Sul. Em anos anteriores teve mais de mil funcionários, hoje reduzidos a 525.
Ela representou 17% do valor adicionado em 2010. Em 2002, a representatividade era de 38% e, em 2004, mantinha 1.232 funcionários.
Terceira unidade da Bottero
Em julho de 2010, a empresa adquiriu duas unidades da Majolo – Arroio do Meio e Travesseiro –, contratando cerca de 300 funcionários.
A Calçados Bottero trabalha com o mercado interno, sendo que apenas 8% de suas atividades se voltam para a exportação com marca própria, confeccionadas em época de troca de estação.
Mantenedora de 2,5 mil empregos no estado é considerada a maior fábrica feminina de couro do mercado interno brasileiro. Ela tem a pretensão de produzir cinco milhões de pares de calçados até o fim do ano. Suas unidades produtivas ficam em Parobé, Osório, Santo Antônio da Patrulha, Travesseiro e Arroio do Meio.