Pelo menos 15 residências no bairro Olarias foram invadidas pelas águas. O mesmo problema foi registrado em janeiro do ano passado. Segundo moradores, o motivo dos alagamentos seria a falta de investimentos do poder público em instalar canalização maior nos fundos das casas, na rua Paulo Emílio Thiesen.
Maria Terezinha Vieira, 68 anos, mora no local há 28 anos. A exemplo de 2010, a água invadiu sua casa em cerca de um metro, estragando eletrodomésticos e utensílios da casa. Nos fundos, estocava 15 sacos de cimento, destinados para ampliação da residência. Perdeu tudo.
Sua vizinha, Claudia Verner culpa a administração pública pela situação. Falou que duplicaram o valor do seu Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) neste ano, mas não resolveram o problema dos alagamentos. “Durante um ano falamos com o secretário Mozart Lopes e a prefeita Carmen Regina. Ficaram prometendo e até agora nada.” Claudia está desolada com os móveis da casa cobertos pela lama.
A poucos metros dali, os recém casados Silvana Pech, 17 anos, e André Meller, 18 anos, perderam o que conseguiram juntar durante um ano que moram no local. Perderam computador, cozinha, geladeira, e muitos outros artigos da casa. “Estou perplexa”, disse Silvana em meio à lama que se formou dentro da sua casa.
O secretário de Obras, Mozart Lopes, culpou os moradores pela recorrência dos problemas. “As pessoas compram as casas em lugares que sabem que alagarão e depois vêm reclamar.”
Ele contestou a necessidade de instalar uma nova canalização nas casas. “Não é só colocar um cano que resolverá o problema.” Segundo ele, o bairro Olarias não é a prioridade da administração e cobrou educação por parte dos moradores. “Um senhor saiu correndo atrás de mim, tentando me agredir.”
As famílias colocaram cones nas ruas para evitar que os motoristas ficassem com seus carros presos na enchente. Lopes informou que fez um levantamento dos pontos por ele considerados como os mais graves.
De acordo com ele, o objetivo é contratar as empresas em caráter emergencial, dispensando a licitação. O primeiro bairro a ser atendido pela administração será o Universitário e, em seguida, o Bom Pastor. O Olarias receberá as melhorias depois. Lopes não estimou um prazo para que as obras comecem.
Casa foi inundadapor obra inacabada
Na esquina das ruas Duque de Caxias e Expedicionários do Brasil, uma casa foi invadida pela água devido a uma obra inacabada. A água entrou pelo esgoto da residência atingindo móveis e eletrodomésticos.
Segundo o morador Flávio Décio Bersch, 62 anos, os estragos poderiam ser evitados se a administração municipal resolvesse o problema antes. “Nós avisamos que aconteceria. Agora quem vai pagar os estragos?”
Há três meses, Bersh descobriu um buraco de três metros embaixo de sua residência e avisou a prefeitura. O vazamento de uma galeria pluvial removeu o aterro, abalando parte da estrutura da construção.
As obras de reparos interromperam parte da rua. Há 40 dias, a valeta está aberta na frente da residência.
Problema de canalização
No bairro Bom Pastor, as principais ruas ficaram interrompidas. Cerca de 15 casas e alguns veículos estacionados foram atingidos pelas águas. O morador João Oscar Bald, caminhava pelas ruas inundadas, e reclamava do descaso por parte da administração municipal. “Sempre ocorre isso, e a canalização prometida nunca acontece”, reclama, acrescentando que os próprios moradores tiveram de sinalizar as vias para evitar acidentes.
Fato histórico na BR-386
Das 12h às 13h, a BR-386 ficou bloqueada nos dois sentidos, pelo transbordamento do Arroio do Engenho, na altura do bairro Alto do Parque, entre a concessionária da Chevrolet – J. A. Sphor e a Fruki. Foi a primeira vez na história que a pista foi interrompida por cheias.
A Polícia Rodoviária Federal fez o desvio do trânsito no sentido capital-interior pelo acesso ao Alto do Parque. Para seguir viagem era preciso passar pelas ruas de Lajeado e reingressar à rodovia no trevo de acesso ao município, junto à Av. Senador Alberto Pasqualini. No sentido contrário os veículos conseguiam trafegar em baixa velocidade pela via lateral, em frente à empresa Fruki. Por volta das 13h, o trânsito começou a ser liberado parcialmente.
Conforme Adriano Antoniazzi, 84 anos, de Lajeado, em 1956 houve uma inundação no trecho, mas a BR-386 ainda não havia sido construída. “Com essa pista e estrutura foi a primeira vez.”