As principais causas das recentes enchentes na região são o sistema ene de eneficaz de drenagem pluvial, e o aumento no número de vias asfaltadas, loteamentos e distritos industriais, conforme o geólogo Everaldo Ferreira, coordenador do curso de Engenharia Ambiental da Univates.
Ele alerta para a falta de gestão pública na área do saneamento básico, e afirma que as administrações municipais estão atrasadas. “As cidades crescem rapidamente, e o plano de drenagem não acompanha este crescimento.” Ele cita as dimensões reduzidas das tubulações e arroios, que hoje não suportam mais o escoamento da água em dias de muita chuva. “É preciso desasoriar os arroios.”
Ferreira lembra que no passado as águas eram absorvidas com mais facilidade pelo solo, que era menos impermeável. Hoje, com a construção desordenada de vias asfaltadas, de calçadas, e do corte desenfreado de árvores e vegetação nativa, o escoamento é mais rápido, inundando facilmente os arroios e tubulações. “Caso nada seja feito, a tendência é piorar”, alerta. A construção de cisternas e reservatórios de retenção de água são citadas por ele como possíveis soluções para amenizar as enchentes.
O geólogo fala sobre os aterros irregulares de áreas alagáveis. Para ele, esta é a explicação para as inundações em novos pontos das cidades. “Aterrar áreas inundáveis é uma irresponsabilidade. Pois o volume de água aterrada atingirá outro ponto da cidade, ela não vai simplesmente sumir.” Aterros realizados nas ruas Paulo Emilio Thiesen, no bairro Centenário, e Décio Martins Costa, no Hidráulica, são exemplos.
Deslizamentos assustam
Sobre os deslizamentos de terra ocorridos em estradas do interior na tarde de quinta-feira, principalmente em Picada Jararaca, interior de Forquetinha, o geólogo diz que toda a região reúne aspectos favoráveis aos deslizamentos, devido ao relevo e características do solo. “Nessas regiões declives, a terra fica apenas um metro acima dos rochedos e quando chove muito, desmoronam.” Segundo ele, a vegetação ajuda a segurar, mas muitas vezes não adianta, sendo a erosão é um processo natural.