A falta de policiais expõe as dificuldades da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no estado. Enquanto a frota de veículos de Lajeado cresce, em média 5% por ano, o posto da PRF no município não recebe reforço de efetivo há dez anos.
Segundo o chefe da 4ª Delegacia em Lajeado, Adão Madril, a defasagem dificulta o trabalho da corporação. Com o quadro funcional composto por 53 policiais – distribuídos nos postos de Montenegro, Tabaí, Soledade e no município – ele afirma que seria necessário o dobro. “O nosso efetivo tem que se desdobrar para atender a demanda.”
De acordo com Madril, o fluxo diário de veículos em frente ao posto do bairro Conventos é de 20 mil por dia, em média. O principal problema enfrentado é na hora de fiscalizar. Ele acredita que, com mais policiais, as blitzes poderiam ser mais rigorosas para coibir o contrabando e o descaminho de produtos. “A BR-386 é um corredor de transporte de carga e de passageiros, muitos deles que vêm do Paraná com compras do Paraguai.”
Para sanar as dificuldades, os policiais fazem um trabalho rotativo nos quatro postos espalhados pelos 251 quilômetros da BR-386, que liga os municípios de Canoas e Vítor Graeff. Com carga de 40 horas semanais e vencimentos de R$ 5,7 mil mensais, Madril se viu obrigado a fazer um banco de horas para que o atendimento não fosse prejudicado. “Nos meses de menos trabalho, nós conseguimos compensá-las.”
Madril acrescenta que, em alguns períodos, o posto é ocupado por três policiais rodoviários federais, porque as fiscalizações nas rodovias têm de ser feitas por, pelo menos, dois agentes. Com isso, apenas um fica no posto, mas não o deixa fechado.
Apesar dos problemas, ele está satisfeito com o trabalho. Conforme ele, as apreensões na BR-386 são as maiores do estado.
PRE recebe reforço
A Polícia Rodoviária Estadual (PRE) também sofre com a falta de efetivo. O comandante da corporação de Cruzeiro do Sul, Paulo Renato Bernardi, afirma que precisaria de, pelo menos, três novos soldados para que o trabalho fosse realizado de forma adequada.
O número necessário é de 19 soldados e hoje Bernardi tem 16. Para suprir a demanda, a Brigada Militar chamou três reservistas, que atuam enquanto a renovação de efetivo não ocorre. Para Bernardi, apesar do problema, a atuação não é prejudicada.
“Há dois anos eu trabalhava com nove soldados.” O último reforço ocorreu em 2010, quando sete novos soldados integraram a PRE de Cruzeiro do Sul.
Rodovia poderá ter mais um posto
Há um ano, o então superintendente da PRF no estado, José Altair Benites, afirmou que um estudo previa que os postos da corporação deveriam ter uma distância mínima de cem quilômetros. A proposta visa evitar que a falta de efetivo – hoje em 1,3 mil apenas no estado – obrigue que alguns postos sejam fechados enquanto deveriam atender a população.
Para o atual superintendente, Lindomar Cristani, caso a proposta avance, será necessário estabelecer critérios. Ele acredita que deveria ter mais um posto na BR-386. Cristani evita comentar se um novo prédio será instalado. “Não quero criar falsas expectativas.”
Madril ressalta que o trabalho da PRF é fazer o policiamento ostensivo com viaturas na rodovia e não em um prédio, mas informa que os fechamentos têm que ser melhor estudados. Se a proposta valesse como está na ideia, pelo menos dois deles seriam fechados.
“O (posto) da Tabaí está em um ponto estratégico, porque fica no entroncamento que dá acesso à RSC-287, que leva para Santa Cruz do Sul.”
Enquanto a superintendência da PRF estuda como fazer para que a falta de efetivo não prejudique o trabalho, o governo federal está sem previsão para a nomeação dos 750 aprovados no concurso público realizado em 2009, suspenso por irregularidades. A presidente Dilma Rousseff anunciou que a chamada de concursados está interrompida por falta de recursos.