Santa Clara do Sul, Mato Leitão, Travesseiro e Sério completam neste domingo 19 anos de emancipação político-administrativa. O maior retorno para os três primeiros vem do setor calçadista. |
Desde 2005, devido à crise nas empresas de calçados, as administrações municipais tentam mudar o quadro e investem na diversificação econômica. Sério precisa ainda conter o êxodo rural com projetos que estimulem a diversificação no meio rural.
Em Santa Clara do Sul, um investimento municipal feito há seis anos concretiza a denominação de cidade das flores que começa a dar retornos. Os floricultores produzem para o estado e projetam ampliações e investimentos no setor para suprir a demanda.
Gilberto Frölich é um exemplo. Há quatro anos cultiva flores e anualmente melhora as estufas. Ele trabalha com duas espécies – crisântemo e calanchão. São produzidas mais de três mil mudas por semanas.
Cerca de 80% de seus clientes são de Porto Alegre e são eles que buscam o produto na empresa. “Foi uma conquista não precisarmos mais nos preocupar com o transporte do produto”, comemora.
Frölich, nos próximos meses, construirá mais uma estufa e conta que o crescimento se deve também aos incentivos municipais. Recentemente, a administração municipal fez a terraplenagem no local a ser ampliado e elaborou um projeto para captação de água.
A ampliação nos negócios permitiu que Jorge Antoni deixasse o emprego de motorista de ônibus para trabalhar com os Frölich.
Na cidade, a administração municipal investe em suínos, leite e aves. Conforme o secretário da Administração, Fabrício Renner, o setor primário gera o segundo maior retorno ao município. “Mostramos aos jovens que é vantagem suceder as propriedades rurais”, diz.
Mesmo focando a diversificação, o maior retorno vem do setor calçadista – Calçados Andreza e Beira Rio. A última se instalou na cidade em julho de 2010 e em oito anos deve gerar R$ 115 milhões em valor adicionado e ser responsável pela empregabilidade de 10% da população local. O setor primário e de serviços geram cerca de R$ 65 milhões anuais de valor adicionado.
Exposério quer consolidar o setor primário
A agricultura é responsável pelo maior percentual de retorno para o município. Sem indústrias e com o êxodo rural a administração municipal quer apresentar suas potencialidades na primeira edição da Exposério – Feira Comercial, Industrial, Agropecuária e Serviços que ocorre neste fim de semana.
O setor da avicultura representa 48% do total da produção agrícola; o fumo a 27%; suínos a 12%; reflorestamento de acácia e eucalipto a 6%; o setor leiteiro a 5%; e os bovinos a 1%. Do total do orçamento a agricultura recebe 14,4%.
Em 1992, Sério tinha com 3.072 habitantes. O senso de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostra uma redução de 792 pessoas, queda que afeta a sucessão das propriedades rurais.
Cidade das orquídeas investe em um parque industrial
Edmundo Konzen, 93 anos, é um dos responsáveis por tornar Mato Leitão conhecida como a Cidade das Orquídeas. Há 73 anos ele tem um orquidário e conhece os nomes científicos das plantas que cultiva.
Mesmo que a denominação tenha sido decretada por lei e que os produtores recebam incentivos municipais, os orquidófilos geram um percentual baixo de retorno ao município, sendo o setor calçadista o maior.
Pelo segundo ano a Calçados Beira Rio é a maior empresa do municipio. Nela trabalham 647 pessoas de Mato Leitão, Venâncio Aires e Cruzeiro do Sul. A produção diária é de 12 mil pares.
Na cidade, o setor industrial se destaca nos segmento calçadista, frigorífico, biscoitos e rações. No primário, são a suinocultura, piscicultura, agroindústria de conservas, leite, tabaco, milho, aipim e outros.
Mato Leitão é uma cidade que aposta na diversidade econômica. A administração municipal oferece serviços aos agricultores para fortalecer o setor e incentiva o comércio e a indústria para ampliações e instalação de empresas.
Um projeto em execução é a estruturação do Distrito Industrial, nas margens da RSC-453, nas proximidades do Distrito de Santo Antônio. A área de 59 mil metros quadrados foi adquirida recentemente, projetando um investimento de R$ 160 mil.
O plano está em fase de regulamentação e licenciamento ambiental. Até o fim do ano serão estruturados os lotes com acesso, ruas, abastecimento de energia elétrica e água. A administração municipal planeja lotes para novas empresas se instalarem.
Agroindústrias são atraídas pelos incentivos
A família Bergmann produz conservas há 13 anos. Há dois, por falta de incentivos em Lajeado, migrou para Travesseiro, onde recebeu um prédio público e incentivo para trabalhar.
Com a troca de município a fábrica caseira se tornou uma agroindústria com dois funcionários e atende mercados de pequeno porte em todo o estado. A proprietária Solange Bergmann salienta que a demanda é maior que a capacidade de produção e espaço físico, visto que por dia são produzidas mais de 1,5 mil conservas.
Ela diz que o município auxiliará na aquisição de um prédio maior, possibilitando a contratação de mais funcionários. A família trabalha com conservas de pepino, cebola, picles, azeitona, tomate seco e molho de tomate e com os doces de figo e abóbora. “Todos os produtos são adquiridos de produtores de Travesseiro”, conta.
Em julho de 2010, Travesseiro também se fortificou novamente no setor calçadista. A Calçados Bottero recebe um incentivo de R$ 10 mil mensais, durante 12 meses para custear o aluguel do prédio da Calçados Majolo. Em contrapartida, estima gerar 74% da arrecadação no setor industrial, o que em um ano equivalerá a R$ 10 milhões em valor adicionado para os cofres públicos.
No segundo semestre a instalação de uma nova empresa no município incentivará os produtores de leite. A nova empresa pretende industrializar dez mil litros de leite por dia, suprindo mais da metade da demanda do município.