Cerca de 70 presos, dos 113 da galeria B, rebelaram-se na tarde de quinta-feira no Presídio Estadual de Lajeado. Eles incendiaram colchões, quebraram tampas de bueiros e jogaram pedras contra a guarita da Brigada Militar (BM). O conflito durou aproximadamente uma hora.
A revolta teve início às 17h quando um dos presos, Diogo Ricardo Conceição, tentou pular o muro durante o horário de visita. Para evitar a fuga os policiais militares atiram contra o preso. Outros três apenados – Sidnei Roque Cardoso, Rudnei Eckhardt e Alexandro Grigolo Schmidt também foram baleados.
Os demais detentos alegaram à administração da penitenciária que o início do motim foi consequência dos disparos da polícia. Contudo, na segunda-feira, dia 28 de fevereiro, quando o apenado Argeu Pereira dos Santos fugiu da penitenciária, os detentos agiram da mesma forma.
A BM de Lajeado contou com o reforço das corporações de Estrela, Forquetinha, Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul e Santa Clara do Sul.
Uma bomba-relógio
O Presídio Estadual de Lajeado é considerado uma bomba-relógio pelos órgãos da segurança em todo o estado – inseguro pela superlotação e pela defasagem de agentes. No entanto, na quinta-feira os presos das duas galerias somavam 288 pessoas, 166 a mais que o permitido, mas 32 a menos do que o normal.
Em dezembro fazia um ano e nove meses que não havia fugas na penitenciária. Mas, logo o dado foi quebrado. Um apenado fugiu da penitenciária pulando o muro sem que os policiais militares e os cães percebessem a fuga. O bandido fugiu e na parte externa um motoqueiro o aguardava. Ele foi capturado meses depois em outro município.
Outro caso foi no início da semana.Os presos estavam no pátio tomando sol quando um deles escalou o muro com aproximadamente 10 metros de altura, entre as guaritas da BM e fugiu. Ele conseguiu passar pelo canil e escapou com apoio de outro homem em um golf prata. O bandido ainda não foi encontrado.
Em 2007, conflito semelhante ocorreu no albergue, quando presos incendiaram o prédio e foram transferidos para um ginásio no centro da cidade. Em 2008, a penitenciária foi parcialmente interditada pelo juiz da Vara de Execuções Criminais, Rudolf Reitz. O Juiz proibiu a transferência e suspendeu o ingresso de novos presos condenados no regime fechado. No mesmo ano houve uma tentativa de resgate de presos com troca de tiros entre presidiários e BM.
Presos envolvidos
– Diogo Ricardo Conceição – 2 anos e 6 meses de pena por tráfico (sofreu ferimentos leves)
– Sidnei Roque Cardoso – 22 anos de pena (sofreu lesão no tórax)
– Rudnei Eckhardt – espera por condenação pela lei Maria da Penha (sofreu ferimentos leves)
– Alexandro Grigolo Schmidt – 19 anos de pena por homicídio (teve fratura no fêmur e passará por cirurgia)
Pedido dos agentes
Na semana passada os agentes entregaram uma carta ao Ministério Público solicitando mais segurança na penitenciária. Eles pediram 150 metros de uma cerca especial para ser colocada na parte superior do muro.