A falta de transporte municipal para levar as crianças menores de cinco anos para as creches prejudica famílias do interior. Em Picada Aurora, Daniela dos Santos, 28 anos, deixará de trabalhar para cuidar de Vinício, de 2 anos e meio.
O filho foi matriculado em uma escola no centro, entretanto, como a administração não oferece transporte público, teve de optar por uma empresa particular.
Daniela reclama que o preço cobrado pelo dono da empresa foi superior ao seu salário. “Eu trabalho um mês para ganhar R$ 600 e teria que gastar R$ 800 para que meu filho estudasse”, ressalta.
Daniela lamenta o fato da instituição da localidade de São Rafael estar desativada. A mesma situação é enfrentada por Andreia de Oliveira, 28 anos.
Ela foi obrigada a recusar três oportunidades de emprego para cuidar dos filhos Gabriel Augusto e Graciely Raíssa Führ, de 3 e 5 anos, respectivamente. Ela acredita que o município tem o dever de oferecer o transporte gratuitamente para os alunos de Educação Infantil ou ativar a creche em São Rafael.“Tem pais que deixaram de trabalhar porque não têm condições de levar os filhos por conta própria”, relata.
Sem previsão para oferecer o serviço
A secretária de Educação e Cultura, Regina Izabel Leite, se surpreendeu com o custo do transporte particular. “Normalmente eles cobram R$ 25 para transportar os alunos para a Univates, em Lajeado”, diz.
Regina diz que a administração não cederá transporte neste ano. Quanto à creche de São Rafael, diz que são necessárias 15 crianças matriculadas para que a escola funcione.
Em 2010 apenas cinco crianças foram matriculadas e neste ano, não houve procura. “Se tivermos o número mínimo, poderemos abrir uma turma”, garante. Ela pede aos pais que procurem a secretaria para matricular os filhos, pois enquanto o número de alunos interessados estiver abaixo do exigido, a escola permanecerá desativada.
Motorista cobra R$40 por dia
A proposta feita por Lucas Wagner, dono de empresa de transportes, à Daniela foi de R$ 40 por dia. Conforme o motorista, o valor corresponde à quilometragem que terá de fazer para que Vinício possa chegar à escola.
Wagner calcula que o preço está abaixo do que é cobrado no contrato que possui com a administração para transporte de alunos do Ensino Fundamental. “Para ela, cobrarei o equivalente a R$ 1 por quilômetro. Pelo contrato recebo R$ 1,55”, compara.
Ele diz que percorrerá 48 quilômetros por dia para que o filho de Daniela chegue à creche e que o valor apenas cobre as despesas com gasolina e manutenção do veículo.