Desde 14 de fevereiro, a Caixa Econômica Federal (CEF) só financia projetos do programa habitacional Minha Casa Minha Vida em áreas pavimentadas e com serviços de água, luz e esgoto. Os engenheiros avaliadores não autorizarão verbas para imóveis em ruas com saibro ou brita ou caso a ligação com a área central da cidade esteja em precárias condições.
Segundo Donato Dullius, gerente geral da CEF Lajeado, a nova regra impossibilitaria a liberação de verbas para cerca de metade dos 600 imóveis autorizados no primeiro ano de vigência do programa.
A CEF terá 60 dias para contatar os mutuários com verbas liberadas para uma nova avaliação de seu financiamento. Quem conseguiu a liberação dos recursos antes da nova exigência não terá o crédito interrompido.
Dados da administração municipal informam que Lajeado conta com 209 ruas pavimentadas e 138 vias sem condições de receber o financiamento.
Dullius diz que a medida pode sofrer modificações e é uma forma de garantir os investimentos do poder público em urbanização nas cidades.
A decisão tomada na última sexta-feira surpreendeu construtores e mutuários de surpresa. Marcelo Munhoz, representante de uma imobiliária, diz que empresários do setor não têm como obrigar as prefeituras a pavimentar as ruas. “Em conseqüência disso, não poderão buscar novos projetos”, reclama.
Ele acredita que se as exigências não forem alteradas, no primeiro semestre cerca de 400 profissionais da construção perderão o emprego. Com o corte de verbas, Munhoz estima que mais de R$ 60 milhões deixem de circular no município.
“A projeção era de mais de 600 casas liberadas neste ano”, diz.
Ele cita o exemplo do bairro Jardim Botânico. Mesmo com algumas ruas pavimentadas ele não se conecta com a Av. Benjamin Constant. “A prefeitura diz que projeta a instalação de um quilômetro para este ano, insuficiente para garantir o financiamento deste local”, diz.
Munhoz adianta que a partir desta semana, representantes de classes ligadas ao setor se reunirão para reivindicar alterações nas exigências do programa.
Bairros deixarão de se urbanizar
Júnior Soares, comprador de uma construtora de Lajeado, acredita que a alteração é uma forma de impedir que se repita a ampla circulação de recursos do ano passado.
Segundo ele, bairros que tiveram imóveis liberados antes das novas exigências ficariam sem condições de crescimento e urbanização e milhões de famílias serão prejudicadas se as novas exigências não forem modificadas.
Soares aponta que desde que o programa entrou em vigor, os preços de grande parte dos terrenos triplicou e a solução que grande parte das famílias encontrou foi buscar áreas longe do centro.
Elas investem juntas em espaços para abrigar imóveis de cerca de 60m². A maioria dos locais escolhidos não cumpre as exigências do governo e não poderão se urbanizar por falta de novos investimentos e moradores.