Depois de quatro dias, o agricultor Arsênio Beuren, 69 anos, de Alto Conventos foi encontrado enforcado a 200 metros de sua casa. Ele estava em pé com cordas entre suas pernas, simulando uma cadeira. O fato foi considerado excepcional para o Grupo de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros de Porto Alegre.
A equipe vasculhou a propriedade da família com cães farejadores desde o meio-dia de quarta-feira. Mas, o encontraram às 17h40min de quinta-feira após avistarem urubus sobrevoando árvores na mata fechada. “A chuva dificultou as buscas. Quando o sol saiu, o corpo começou exalar mau- cheiro e atrair bichos”, diz o comandante.
O agricultor desapareceu às 14h de segunda-feira depois de alimentar o gado. Desde então foi procurado por parentes e amigos. A família calcula que na quarta-feira mais de cem pessoas auxiliavam nas buscam.
Beuren era católico praticante. “Não sei o que pode ter ocorrido, meu pai não tinha depressão e nem brigou com a família recentemente”, diz a filha Sandra Regina Knecht.
A delegada Hastrit Greipel da Polícia Civil de Lajeado esteve no local para liberar o corpo. Ela afirma que não há marcas de agressões, por isso prevê a hipótese de suicídio.
Durante as buscam moradores encontraram marcas de sangue no chão do ginásio do Estudientes na localidade. A polícia coletou amostras e encaminhou para a perícia com suspeitas de que seria do agricultor.
A propriedade da família fica a dois quilômetros da principal rua de Conventos e faz divisa com Alto Conventos. A propriedade é rodeada por 300 quilômetros de mata fechada, desafiando os bombeiros nas buscas.
Medo de assassinato
Moradores, que com medo de represálias pedem para não se identificarem, indignam-se com a frequência dos assaltos na localidade. Na rua Elisabeth Beuren moram ainda apenas cinco famílias, as demais mudaram-se devido aos crimes.
Recentemente, o irmão de Beuren foi assaltado em casa. Moradores contam que ele foi ameaçado pelos bandidos a não informar o ocorrido à polícia. Eles acreditam que a morte do agricultor seja criminosa.
“Ou nos mudamos, ou trancamos a entrada da rua para mais ninguém passar por ela”, diz um morador. Ele descreve que à noite não há iluminação na rua e pouco vê a polícia fazendo patrulhamento na localidade. “Somos lembrados apenas pelos bandidos nesse local”, desabafa.