O trabalho dos fumicultores é motivado pela expectativa de boa produtividade, mas a qualidade está comprometida pelo excesso de chuvas. O que era para ser um momento de alívio com a definição da tabela de preços da maioria das empresas, o reajuste foi de 10% sobre a safra retrasada, tornou-se preocupação aos produtores.
Contestado desde o começo da venda, o controle excessivo das empresas na classificação do tabaco da safra 2010/11 transformando-se em prejuízo para os fumicultores. A maioria dos produtores tem secado o fumo com a tonalidade mais escura, refletindo em queda do preço da arroba na venda.
Ivo Becker, 62 anos, de Sampaio, Cruzeiro do Sul, preocupa-se com a classificação. Ele diz que este ano a qualidade do fumo é bastante inferior ao da safra passada. “A maioria das folhas que secamos fica escura e isso deverá desvalorizar o produto”, lamenta.
Becker diz que um dos motivos é o excesso de chuvas, e o descontentamento é geral. Para ele, há casos em que o produtor recebeu apenas R$ 25 por arroba vendida. “No ano passado, repassei o fumo nas classes R1 e CO1. Agora o máximo que devo conseguir é CO3 e R2”, diz.
Entre os fumicultores a sensação é de que o momento não é bom para entregar a produção às indústrias. “Estocamos o produto e esperamos melhores preços”, diz. Em 2010 a arroba chegou R$ 110. Neste ano, ele projeta uma média de apenas R$ 70.
Na região, é comum encontrar produtores que até brincam com a situação. “Parece que ninguém produziu BO1 – o fumo de melhor qualidade este ano”, dizem.
O presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Werner, disse que apenas em algumas regiões a qualidade do fumo foi comprometida pelo excesso de chuvas. “Esperamos que as empresas tenham consideração com os produtores na hora da compra da safra”, resume.
A Afubra projeta uma produção de 714 mil toneladas em um total de 360 mil hectares cultivados.
Saiba mais
Entre segunda e terça-feira os representantes dos produtores dos três estados do Sul fecharam acordos de reajuste no preço do fumo com a maioria das indústrias. Apenas não assinaram o protocolo a Universal Leaf e a Alliance One. O reajuste padrão foi de 10% sobre o último protocolo que foi firmado na safra 2008/09. Com isso a arroba do BO1, o fumo de melhor qualidade, passa a R$ 116,70.