Em três horas e meia de revista geral nas celas e aos apenados do Presídio de Lajeado, os agentes da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e a Brigada Militar (BM) encontraram drogas, telefones celulares e facas artesanais. A operação iniciou-se às 5h de ontem.
O diretor do presídio, Luis Fernando Ferreira, afirma que ideia era realizar a operação há três semanas, mas foi transferida para ontem devido à falta de efetivo.
Segundo ele, os agentes penitenciários revistaram as galerias diariamente, mas o trabalho é feito quando os apenados estão no pátio. Ferreira diz que, com isso, os detentos conseguem esconder os artefatos mais perigosos, como as facas artesanais.
A apreensão de ontem foi possível devido ao apoio dos policiais militares que foram responsáveis por conter os apenados.
As facas são construídas pelos presidiários que serram pedaços de grades das janelas. Ele diz que as serras e as drogas são jogadas pelo lado de fora do presídio e, no pátio, os detentos recolhem os objetos.
Conforme Ferreira, os policiais que cuidam das guaritas não têm tempo suficiente para descer até o pátio e recolher o material jogado. As visitas íntimas são utilizadas para o ingresso de entorpecentes.
Segundo o diretor do presídio, as companheiras dos presidiários envolvem as drogas em um preservativo e as introduzem nos órgãos genitais. Ferreira diz que, como os encontros ocorrem dentro das celas, os detentos escondem o material antes do flagrante dos agentes.
A Polícia Civil (PC) abrirá inquérito para identificar os envolvidos que responderão processo por tráfico de entorpecentes. Na operação, quatro detentos foram transferidos para Santa Cruz do Sul.
Faltam ferramentas para coibir ações
Ferreira salienta que a proibição das revistas íntimas aos familiares dos presos aumentou o ingresso de drogas nos presídios. Segundo ele, as casas prisionais não têm aparelhos de raio-X para verificar se os entorpecentes foram introduzidos no corpo.
Ele afirma que o presídio conseguiu com a Associação Lajeadense Pró-Segurança Pública (Alsepro) um banco que detecta metais. Ferreira diz que com ele consegue diminuir a entrada de aparelhos celulares, mas ressalta que os visitantes podem se negar a serem revistados.
Ferreira diz que a solução seria a reformulação do presídio com salas especiais para visitas em que os agentes podem acompanhar o que ocorre. De acordo com ele, caso o presidiário fosse flagrado recebendo qualquer material, seria obrigado a aceitar a revista.
A construção de um novo presídio em Lajeado estava prevista pela governadora Yeda Crusius em caráter emergencial, mas o Tribunal de Contas do Estado (TCE) proibiu estas obras sem licitação.
A assessoria de imprensa da Susepe informa que não tem previsão de quando a licitação para a construção do presídio será divulgada.
O que foi apreendido
– 330,1 gramas de entorpecentes
– 25 aparelhos celulares
– 5 chips de operadoras telefônicas
– 2 pen-drives
– 10 carregadores de celular
– 12 facas artesanais