Às vésperas das ceias das festas de fim de ano, o consumidor terá poucas opções para escapar da alta de preços da carne bovina.
A disparada da arroba do boi gordo, que começou em junho, arrastou as cotações do frango e dos suínos, que foram reajustados em 11,16% e 6,03%, respectivamente – já que são as carnes substitutas.
Com os cortes nobres ganhando mais espaço nos carrinhos de compras e a falta do produto no centro do país, ficou difícil suprir a demanda por carne bovina.
O resultado deste movimento se reflete no churrasco, cujo preço médio ficou 10% mais salgado nos últimos 15 dias.
Para quem aprecia picanha e filé mignon, a diferença no bolso pode ficar ainda maior, diz o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo.
Nestes dois cortes, o aumento fica em torno de 40% nos últimos 40 dias. A picanha chega a R$ 40 o quilo. “É tudo uma questão da lei da oferta e da procura”, diz Longo, acrescentando que o varejo registra queda de 15% nas vendas da carne de gado devido a essa alta de preços.
Sem conseguir atender ao consumo, o estado recorre à produção do centro do país. O problema é que a seca e as queimadas registradas naquela regiãodeterminaram diminuição na oferta. O efeito foi o aumento do preço da carne bovina. “A alta é mais um reflexo da redução da oferta do que do aumento no consumo”, avalia Ronei Lauxen, presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado (Sicadergs).
Conforme Lauxen, o fato de o estado ter saído “do período de safras” contribuiu para que nos últimos 15 dias se observasse um aumento médio de 10% nas carnes bovinas, concentrado nos cortes de primeira.
A analista Maria Gabriela Tonini, da Scot Consultoria, diz que a expectativa é de que o preço pare de subir. Ela calcula que o valor médio do quilo deve ficar entre R$ 7 e R$ 14,90, dependendo do corte e projeta que os preços da carne ao consumidor devem começar a recuar só no início 2011.
Consumo menor
O preço alto afugenta o consumidor. O pedreiro Décio Pedro Schmitz, 48 anos, de Lajeado, ficou assustado quando chegou ao açougue para comprar a carne para as festas de Natal e fim de ano.
Ele diz que o reajuste o obrigou a reduzir o consumo. “O preço está salgado e o jeito é comprar menos”, diz.
O autônomo Gilsinei Tetzner, 31 anos, de Estrela, comenta que a carne para o churrasco não pode faltar na ceia. Ele calcula que este ano ele gastará o dobro para conseguir comprar a mesma quantidade do ano passado.
O açougueiro Marco Aurélio Burkhard, 46 anos, diz que o reajuste varia de 30 a 40%, dependendo do corte. O motivo deste acréscimo é o aumento na procura. “Com o grande poder de compra que há hoje no mercado, com o pagamento do 13º, é normal registramos alta nos preços”, observa. Ele projeta redução só para depois das festas de fim de ano.
Saiba mais
Segundo a estimativa da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), os supermercados gaúchos projetam um crescimento de 13% nas vendas no Natal e Ano-Novo. No estado, o setor deverá finalizar 2010 com faturamento de R$ 18,3 bilhões, 3,8 mil lojas e 84,4 mil empregados.
Os produtos que deverão liderar as vendas no período, em relação ao ano passado são: cervejas (aumento de 19,8%), refrigerantes (14,4%), brinquedos (10,7%), carnes (9,6%), panetones (9,5%), peru/chester/pernil (9%), champagne/espumantes (8,8%) e enfeites (8,6%).
Dados do Instituto Brasileiro de Estatística e Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), apontam que o consumo médio per capita é de 35,7 quilos no estado, enquanto a média nacional ficou em 25,4 quilos. O índice do Sicadergs aponta que o gaúcho consome quase 50 quilos por ano.
Preços (kg)
TABELA