O produtor Ricardo Liesenfeld moveu uma ação contra a empresa AES Sul por não fornecer energia elétrica suficiente ao seu aviário. No último mês, a oscilação na rede trifásica queimou a bomba de abastecimento de água dos 22 mil frangos. “Se não tivesse uma reserva, arriscava perder o lote”, conta. “Não quero só uma bomba de água nova, quero mais força na rede.”
Liesenfeld procurou o Ministério Público (MP) no dia 10 exigindo a resolução do problema que atinge os cerca de 40 produtores de Picada Arroio do Meio. Segundo ele, outros três aviários próximos de sua propriedade utilizam o mesmo transformador de luz. A primeira resposta da ação judicial será no próximo mês.
O produtor tem 27 ventiladores, mas teme o desligamento repentino destes equipamentos, principalmente nos dias quentes.
O monitoramento dos refrigeradores, ventiladores e bombas para captação de água é constante.
O produtor Irineu Kuhn confirma que as quedas na energia se intensificaram nos últimos meses. Segundo ele, no fim da tarde diversas máquinas são desligadas, possibilitando o uso de eletrodomésticos.
Outras localidades sofrem
Segundo o prefeito Sidinei Eckert, quando um problema é abordado nas reuniões comunitárias, a prefeitura tenta intermediar e agilizar o processo junto à AES Sul.
No início do mandato, Eckert conta que moradores do Distrito de Forqueta e Forqueta Baixa tinham o mesmo problema, mas o fornecimento de energia foi reestabelecido neste ano. Na sua opinião, AES Sul deixa a desejar em diversos pontos. “Os moradores devem nos procurar”, diz.
Nos últimos meses, outras localidades apresentaram problemas semelhantes. Na Cascalheira, cerca de 30 famílias sofrem com a baixa tensão na rede elétrica e alguns produtores têm problemas na utilização de equipamentos. No bairro Aimoré, após a troca da rede elétrica, moradores reclamaram por não poder ligar a TV e o chuveiro ao mesmo tempo.
Os 7,2 mil clientes da AES Sul no município utilizam 422 transformadores. Em algumas localidades, os moradores pagaram um novo transformador para aumentar a carga elétrica. São 60 transformadores pagos pelas próprias comunidades.
No município, a distribuição de luz é maior na zona rural com 3.253 postes de luz. Na área urbana, são 2.306. Segundo o superintendente da AES Sul Carlos Rocha, a tarifa na conta de luz no interior é mais baixa do que na cidade.
Uso de equipamentos devem ser comunicados
Segundo Rocha, o motivo da baixa tensão na rede elétrica é que alguns clientes podem ter ligado novos equipamentos sem pedir o aumento de carga para a distribuidora. Segundo a resolução 250 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), é preciso comunicar quando aumentar o uso de energia elétrica, sob pena de suspensão dos serviços.