Mulheres viram alternativa para as obras

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Mulheres viram alternativa para as obras

A exemplo da região metropolitana construtoras do Vale começam a selecionar mulhe­res para atuarem na constru­ção civil. Esta semana, uma loteadora de Lajeado ofertou vagas de emprego para serven­te de pedreiro.

Em Porto Alegre, cada vez mais as mulheres dividem o es­paço com os homens no canteiro de obras. Conforme o setor fiscal do Ministério do Trabalho (MT), alguns empresários procuram especificamente mão de obra fe­minina pela forma de atuação – com mais cuidado e respeito.

pedreiraO chefe da fiscalização do MT de Lajeado, Sérgio Emílio Sto­bbe, afirma que para contra­tar mulheres, assim como nos demais serviços, é preciso ter algumas diferenciações basea­das na legislação trabalhista. É necessário que o ambiente de trabalho tenha vestiários e sa­nitários para cada sexo.

Segundo o fiscal, o custo para estas modificações é baixo e é considerado um investimento pe­los empresários da capital. Contu­do, na região, o fato fez com que a mesma loteadora que ofertava vagas femininas desistisse ao sur­gir a primeira candidata.

A secretária da empresa, Ta­mara Kuhn, confirma que a pro­cura por mulheres foi devido à falta de homem para atuarem no serviço. E que no momento a loteadora não tem estrutura para contratá-las porque acre­dita que o investimento seja alto para as mudanças.

A empresa anunciou por uma semana a oferta e teve candi­datas, diferente do que ocorria com os homens, em que a ofer­ta permanecia por meses no mural de empregos.

De acordo com dados da Re­lação Anual de Informações Sociais (Rais), em um compara­tivo de 2008 e 2009, as mulheres tiveram um aumento de 5,34% na participação do mercado de trabalho, enquanto os homens 3,87%.

À beira de um colapso na construção civil

Construir um imóvel nesta épo­ca tornou-se um problema para quem procura o serviço da cons­trução civil. Há dificuldade de en­contrar mão de obra e alguns tipos materiais, como o cimento. A ca­rência reflete nos valores cobrados pelos construtores e na liberação de financiamentos habitacionais.

Motoristas recebem curso de qualificação

Outra carência no mercado de trabalho é de motoristas. Para ame­nizar o problema a Univates sedia, durante esta semana, um curso de qualificação para o segmento.

Com 42 horas-aula, o curso faz parte do Programa TransFormar, da Volvo do Brasil e atende a soli­citação de empresários da área de transportes ligados à Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil). No curso ministrado pelo professor Ricardo Fleck, os alunos aprendem práticas de direção, manutenção e segurança.

No topo da lista dos mais procurados

No Sistema Nacional de Empregos (Sine) de Lajeado há procura diária por mão de obra qualificada. O número um da lista é o serviço da construção civil. As vagas ficam meses disponíveis sem procura.

Conforme a coordenadora Roseti Regina Spohr, a cons­trução civil e mecânica são as áreas com mais dificuldades de encontrar candidatos. “O desemprego não nos assusta mais. Agora o problema é a falta de mão de obra”, diz.

Segundo a coordenadora, por dia, pelo menos uma construtora da região liga pedindo se há currículos de pe­dreiros no sistema. A remuneração destes dois profissio­nais inicia-se em dois salários mínimos.

Trabalha como pedreiro porque gosta

Loira Maria Radke, 52 anos, é uma das poucas mulheres do Vale do Taquari que trabalha como pedreiro, servente e mestre de obras. Ela foi citada em outra reportagem do jornal A Hora no início de novembro.

Há dois anos ela deixou a agricultura para traba­lhar na cidade com o marido que virou construtor. Loira tornou-se pedreiro e ajudou a construir a cober­tura do prédio onde mora.

“Tenho orgulho e amor pelo que faço”, diz. Ela rebocou a parede externa de um prédio de cinco an­dares no centro da cidade e teve ajuda de apenas um servente. A pedreira diz que é corajosa e tem energia para aguentar o trabalho pesado.

A trabalhadora fica no canteiro de obras dez horas por dia e faz o mesmo serviço que seus colegas homens – assenta tijolos, passa massa fina no reboco, etc.

Quando seu marido quebrou a perna em um acidente, Loira assumiu a função de mestre de obras – ela teve que comandar toda a equipe. Ela relata que todos sempre respeitaram as suas decisões e cumpriam todas as ordens.

Loira e sua equipe deverão construir mais um prédio no centro de Lajeado. Este será ainda maior, terá oito andares. E ela anuncia que estará lá para cumprir com suas funções.

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