Na sexta-feira, dia 19, integrantes da Sadia protocolaram na prefeitura um ofício, ameaçando suspender o transporte e alojamento de aves e ração em Sério, Forquetinha e Canudos do Vale devido à má condição da estrada.
Cerca de 150 produtores seriam prejudicados com a suspensão dos serviços. O produtor Orlando Hepp, 55 anos, teme prejuízos. Ele tem cerca de mil suínos na engorda. “Se suspender a entrega de ração ou não alojar mais animais, o prejuízo em 110 dias chega a R$ 20 mil”, calcula.
Hepp lamenta a omissão da administração em busca do asfalto. “A estrada está um caos. Até a prefeitura suspendeu o transporte de dejetos pela grande quantidade de buracos. Se continuar assim, até o leiteiro deixará de carregar o leite”, diz.
“Não podemos travar uma guerra”
De acordo com o prefeito Waldemar Richter, a ameaça por parte da empresa torna a solução mais emergencial. “Isto seria o fim para esses produtores, visto que muitos financiaram até R$ 180 mil e podem perder tudo, inclusive imóveis”, alerta.
Richter alega que a obra é responsabilidade do estado e em dois anos foram realizadas três audiências no gabinete da governadora para agilizar o processo.
Ele lembra que em outubro, durante 2ª Marcha Gaúcha – Os Municípios pelo Rio Grande, organizada pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), o diretor de Infraestrutura Rodoviária do Daer, Cezar Garcia, prometeu o início das obras para dez dias.
Passado um mês nada foi feito. “Anunciamos e nada ocorreu. Assim perdemos a credibilidade em decorrência de uma responsabilidade que não é nossa”, desabafa.
Sobre as reclamações dos moradores de Vila Stork, ele diz que a administração se reuniu com lideranças, e que a decisão tomada é de não patrolar aquele trecho. “Nos reuniremos novamente e proporemos a união de todos para reivindicarmos a obra na sede do Daer, em Porto Alegre”, diz.
Richter diz que o “plano b” será entrar judicialmente contra o governo estadual, mas que isso depende de mais análises. “Não podemos travar uma guerra, mas precisamos de uma solução. Hoje, são as integradoras que param, amanhã será o transporte público e as ambulâncias”, observa.
Promessas perduram 12 anos
Em 1998, quando o governador Antônio Britto autorizava os trabalhos de asfaltamento na estrada, a realização parecia estar próxima.
Porém, com a perda das eleições, as obras foram abandonadas. Passados 12 anos, motoristas e agricultores continuam queixando-se das condições da estrada e da poeira que atormenta quem mora ao longo do trajeto de sete quilômetros.
Há cinco meses, quando o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) autorizou o início das obras no trajeto que liga a cidade a Canudos do Vale e Sério, os moradores começaram a luta para que os trabalhos fossem retomados, conforme a promessa renovada pela governadora Yeda Crusius.
Cansados da situação um grupo de moradores da Vila Storck, recentemente, bloqueou a via para sensibilizar as autoridades.
Mesmo sem êxito, a comunidade promete mobilizações constantes até conseguir a pavimentação. Bruno Mattes disse que não permitirão que a rodovia seja patrolada. “Queremos asfalto. Buscaremos apoio de empresários e da administração para conseguir nosso objetivo”, diz.
Mattes diz que os moradores fizeram um abaixo-assinado com 104 assinaturas para mobilizar as autoridades. “Se for preciso vamos a Porto Alegre protestar pelo início das obras”, apoia a cabeleireira Vânia Both. Ela frisou que a intenção não é prejudicar ninguém, apenas terminar com o problema.
População deve organizar protesto
Hoje, às 8h, haverá uma reunião na Prefeitura de Forquetinha entre os prefeitos de Canudos do Vale, Sério, Boqueirão do Leão, Lajeado, avicultores e moradores.
No encontro, devem ser discutidas as providências para evitar prejuízos tanto aos produtores quanto à população.
Uma das ideias debatidas é a organização de um protesto na sede do Daer, em Porto Alegre, para pressionar a assinatura do contrato.
Contrato será assinado até sexta-feira
Questionado sobre o atraso das obras, o diretor Cezar Garcia diz que havia falta de verbas, mas que a mesma foi liberada pela Secretaria Estadual da Fazenda. Agora só falta assinar o contrato para início das obras. “Isso ocorre entre hoje e sexta-feira”, garante.
As obras deverão iniciar nos primeiros dias de dezembro. O prazo de conclusão está estipulado entre seis meses e um ano. “O serviço de terraplenagem foi executado e o que falta agora é a pavimentação”, finaliza. O custo da obra está avaliado em R$ 3,3 milhões num trajeto de sete quilômetros.