O mau cheiro e a fumaça provenientes de uma fábrica de café revoltam os moradores do bairro Imigrantes. A empresa funciona há menos de um ano, na rua Alfredo Arenhart, e a comunidade cobra ação do município para solucionar o problema.
Lúcia Kuhn, 51 anos, e Maria Gandine, 71, moram em frente à fábrica e reclamam que o cheiro de queimado e a fumaça escura invadem as casas. “Precisamos ficar fechados dia e noite”, relata Lúcia. Para minimizar o problema o marido dela improvisou tiras de borracha para vedar as frestas das portas.
Maria conta que a fumaça é tão forte que escurece as paredes da casa. Nos primeiros dias de funcionamento da fábrica, a moradora passou mal e teve náuseas.
Os moradores da rua Frederico Helfenstein, ao lado da empresa também se sentem incomodados. Márcia dos Santos, 34 anos, relata que seu filho mais novo tem bronquite e que a doença piora, quando o cheiro de queimado está forte. “Acho que não deveriam abrir uma fábrica destas tão perto das casas”, opina.
Grávida de nove meses, Gabrieli Bilhar, 21 anos, diz que se sente sufocada. “É um cheiro forte de algo queimado. Eles tinham que colocar essa fábrica em um lugar retirado”, comenta.
Culpa é das correntes de ar
Segundo a secretária de Meio Ambiente e Saneamento Básico, Ângela Schossler, os fiscais do município estiveram na empresa pelo menos cinco vezes. “O empresário fez algumas tentativas para melhorar o processo, mas as correntes de ar não ajudam e a fumaça desce em direção às casas”, diz.
A secretária garantiu que nesta semana a equipe do Meio Ambiente voltará ao local para conversar com o proprietário.
Conforme o químico industrial e técnico de licenciamento ambiental, César Augusto Mendonça, por ser uma área bastante baixa, o vento empurra a fumaça das chaminés da fábrica direto para as casas.
A secretaria sugeriu à empresa aumentar o tamanho dessas tubulações. Outro recurso usado foi a implantação de um sistema de limpeza dos gases.
Problema semelhante em Santa Clara
No município, o mau cheiro vinha de uma graxeira anexa a um frigorífico que fica às margens da ERS-413 de São Bento. Moradora das proximidades, Semélia Mallmann, 66 anos, reclama que nos últimos dias o cheiro ficou tão intenso que passou mal. “Cheguei a vomitar. De manhã cedo acordamos sentindo esse cheiro”, diz.
O proprietário da graxeira, Anivaldo Mezomo, atribui o problema aos danos na aparelhagem causados por um princípio de incêndio há duas semanas. Segundo ele, a situação foi solucionada na tarde de ontem.
Mezomo explica que houve atraso no conserto, pois o equipamento necessário veio de São Paulo.