A polícia de Santa Catarina trabalha a hipótese de que o padre lajeadense Roque Gabriel, 61 anos, seja o responsável pela mutilação dos próprios testículos no dia 17. O fato ocorreu em na Praia da Meta, em Balneário Arroio do Silva, na casa de um amigo. Ele passava férias no local.
Segundo informações da delegacia de polícia de Araraquara, Gabriel desapareceu após prestar depoimento na tarde da última quarta-feira na central de polícia de Araranguá, cidade a 218 quilômetros de Santa Catarina. Ele seria encaminhado ao Institutio Médico Legal (IML) da localidade para exames de corpo de delito.
Há cerca de seis anos, o religioso foi afastado da função que realizava no Vale do Rio Pardo por um suposto envolvimento em denúncias de pedofilia. Segundo ele, um casal de Porto Alegre o havia seguido e realizado a mutilação com o objetivo de utilizar seu sêmen em um ritual de magia negra.
Em depoimento Gabriel atribui o ataque à sua posição contrária ao homossexualismo. No dia seguinte, os testículos foram encontrados pela polícia catarinense na fossa séptica do imóvel onde o fato ocorreu.
Gabriel passou por uma cirurgia no Hospital de Araranguá e não corre risco de morte. Diferente do que foi divulgado por alguns veículos de comunicação, o pênis não foi arrancado.
Jorge Giraldi, delegado responsável pelas investigações, acredita que o religioso tenha realizado a automutilação devido aos problemas pessoais. Se ele não voltar à cidade para buscar os pertences e se submeter aos exames, a polícia solicitará um parecer do médico que o atendeu no hospital.
Segundo ele, não há indícios de arrombamento, assalto ou algo que comprove a versão dada por Gabriel e “a principal hipótese é que o padre tenha se imposto uma penitência pelos supostos erros no passado”, afirma.
Arcebispo cogita crime por vingança
Conforme o arcebispo da capital, dom Dadeus Grings, a hipótese de automutilação não procede. O religioso acredita que o ataque possa ter relação com alguma falha de conduta praticada pelo padre. “Nos informaram que ele haveria recebido uma ligação chamando-o para o local onde o crime aconteceu”, revela.
Segundo o arcebispo, Gabriel está confuso e assustado devido à exposição de seu caso na imprensa e buscará elucidar os fatos assim que a “poeira baixar”. “Para a polícia fica mais fácil atribuir a culpa ao religioso do que a uma possível ação de vingança que deve ser investigada”, opina.
O bispo emérito da Diocese de Santa Cruz, dom Sinésio Bohn, teve dois encontros com Gabriel antes de a vítima deixar o hospital. Tanto ele quanto seu assessor não foram localizados ontem à tarde para falar sobre o paradeiro do padre.