A campanha que não deu certo

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A campanha que não deu certo

A campanha para mobili­zar os eleitores a vota­rem em candidatos da região fracassou. Só em Lajeado, 378 dos 570 concorrentes a uma cadeira na Assem­bleia Legislativa receberam votos. Os nove candidatos locais a deputado es­tadual contabilizaram um total de 65,7 mil votos, ou seja, 27,4% do Vale.

Em 2006, eram dez representantes, e a marca atingida foi de 104 mil votos – 38,3 mil a mais que neste ano. A re­gião tem hoje, de acordo com as zonas eleitorais, 240.050 mil eleitores.

Para o sociólogo político Renato Zanella, a queda de votos está relacio­nada à falta de experiência dos atuais candidatos. Segundo ele, há quatro anos todos os concorrentes eram lideranças consolidadas. “As candidaturas deste ano eram novidades, com exceção de Schmidt. E este acabou obtendo uma votação significativa”, diz.

Zanella afirma que, apesar da derro­ta, o resultado da eleição foi importante. Para ele, mesmo não havendo vitórias individuais, aconteceu uma vitória da política local. “O amadurecimento democrático do Vale foi o grande êxito e será fundamental para o próximo pleito”, diz, lembrando a forma pacífica como os candidatos conduziram suas campanhas, e as possíveis alianças que podem se formar.

Outro fator citado por Zanella para a baixa votação são as recentes eman­cipações municipais. Segundo ele, es­sas novas cidades apoiaram candida­tos que, no passado, colaboraram com recursos. “Esses municípios estão em construção, e suas lideranças apoiam quem os ajudou, mesmo sendo de fora do Vale. Isso complica nosso processo de regionalização”, afirma.

Para o sociólogo, é preciso es­tudar uma forma de implantar um fórum permanente para discutir apenas questões ligadas ao Vale do Taquari, fortalecendo as próximas candidaturas locais.

Campanhas honrosas

Zanella ressalta a vitória pes­soal dos candidatos, lembrando que, a maioria enfrentou pela primeira vez um pleito eleitoral. Ele citou o caso de Isidoro For­nari (PP) que não contou com o apoio da totalidade do partido e mesmo assim foi bem votado.

Falou sobre a campanha de Áurio Scherer (PT) que era pouco conhecido, e lembrou que Flávio Ferri (PMDB) foi escolhi­do pouco antes do início das campanhas, pois faltavam can­didatos dispostos a concorrer.

O sociólogo destacou espe­cialmente a campanha de Luis Fernando Schmidt (PT). Segun­do ele, nunca na história política do Vale um candidato a cargo estadual conseguiu manter o mesmo número de votos após ser derrotado no pleito anterior.

“Nenhum candidato der­rotado no estado conseguiu se reerguer após a derrota. E o Schmidt conquistou isso, mesmo disputando com outro candidato do mesmo partido”, observa.

Lideranças satisfeitas com resultado

Edson Brum (PMDB), além dos senadores Paulo Paim (PT) e Ana Amélia Lemos (PP). “São pessoas ligadas e bem informadas sobre as necessidades da região”, diz.

O presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), Paulo Kohlrausch, acredita que o Vale terá representatividade por meio dos políticos que estabeleceram bases políticas na região. “Além disso, temos o deputado federal Enio Bacci reeleito, e a possibilidade de Luis Fernando Schmidt assumir vaga na assembleia ou até mesmo uma secretaria do estado”, diz.

Kohlrausch afirma que as lideranças manterão as mesmas estratégias para conquistarem recursos e emendas parlamentares.

Schmitt espera ser nomeado em novembro

Com chances de conquistar uma vaga na Assembleia Legislativa, caso o governador eleito Tarso

Genro (PT) convoque outros deputados estaduais para compor o seu secretariado, Luis Fernando Schmidt diz estar satisfeito com o resultado obtido, principalmente pelo número elevado de candidatos do Vale. “Gostaria que mais candidatos daqui estivessem na minha situação, ou até mesmo eleitos. Mas,isso faz parte do processo da democracia”, diz.

Schmidt ficou na segunda suplência, e a chance de assumir uma cadeira na assembleia é vista com expectativa. Segundo ele, essa decisão deverá ocorrer no dia 15 de novembro, data em que Genro formará parte de sua equipe de apoio. “Não posso afirmar com absoluta certeza, mas a expectativa é que o anúncio seja feito mesmo nesta data”, adianta.

Preocupação entre candidatos

As opiniões sobre o resultado da eleição refletem a preocupação dos candidatos derrotados. Para Flávio Ferri (PMDB), o Vale do Taquari passará quatro anos buscando apoio de terceiros. “Mais uma vez nosso eleitorado optou por pessoas de fora que não vivem nossa realidade”, lamenta.

Áurio Scherer (PT) lembra que a região não estará representada nas principais decisões estaduais. “Teremos que lutar em dobro para não ficarmos de fora”, afirma. Mesmo assim, enaltece o trabalho realizado na campanha e acredita ter sido uma experiência válida por se tratar de seu primeiro pleito.

Sozinho, o compromisso aumenta mais

bacciApós garantir seu quinto mandato como único deputado federal do Vale do Taquari, depois da região ter passado 20 anos sem nenhum repre­sentante na Câmara dos Deputados, Ênio Bacci (PDT) afirma que o parti­do dialogará com o gover­nador eleito para discutir projetos. Mas, admite que um convite para um cargo de secretário será “sedu­tor”. “Desde que tenhamos carta branca e respaldo do governo estadual. O que não ocorreu no passado com a Yeda”, diz.

Bacci reafirma que o desejo era de ter continu­ado no comando da segu­rança pública do estado, e que esta área, assim como a educação, são prioridades den­tro do seu partido.

Sobre o Vale do Taquari, ele afirma que a necessidade maior é apoiar o processo de duplicação da BR-386. “Quero me reunir na próxima semana com o Dnit para pedir a agilidade do processo, para que ela inicie na semana seguinte a votação do segundo turno”, prevê.

O deputado cita investimen­tos no atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS) nos hos­pitais da região, na estruturação da Univates, e diz que buscará uma integração maior entre os vales do Taquari e Rio Pardo. “São regiões muito parecidas e que poderiam ganhar muito mais se estivessem unidas, em vez de disputarem os recursos federais e estaduais”, opina.

Bacci lamenta sobre o pro­cesso eleitoral que deixou o Vale sem representantes na As­sembleia Legislativa e lembra que a região contou com quatro representantes. “Falta conscientizar a comu­nidade de que o de fora pode até ser bom. Mas, o daqui sempre será me­lhor, pois conhece nossa realidade”, observa.

Ele cita como prin­cipais causas a falta de apoio das empresas e as estratégias montadas por lideranças. “Infelizmen­te, algumas entidades, como a CIC-VT, optaram por pedir votos para can­didatos de fora, enquanto outras regiões escanca­ram o apoio por políticos locais”, finaliza.

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