Bruch é cassado, mas promete voltar

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Bruch é cassado, mas promete voltar

Após quatro horas de ses­são, a maioria dos vereado­res votou pela cassação de Bruch. Ele foi julgado por falta de decoro parlamentar, por ofender o secretário de Obras, Carlos Castro, no dia 10 de junho. O presidente da Comissão Processante, vereador Lairton Heineck (PP), lamentou a postura do vereador. “Tive o desprazer de ser o presidente dessa comissão. Voto pela cas­sação, pois quero que minha postura sirva de exemplo para os próximos legisladores”, comenta.

bruchIvo Pavi (PMDB) criticou o colega. “O que ele faz fora dessa câmara não me interes­sa, mas aqui dentro temos que ter respeito. Ele teve a opor­tunidade de pedir desculpas, mas preferiu continuar ofendendo. Devemos manter a ordem e ser exemplo para a comuni­dade, por isso sou a favor da cassação”, cita.

Guido Arend (PMDB) votou a favor. “Não posso ir contra a opinião dos meus eleitores. Espero que você repense sua atitude e mude sua postura. Não posso deixar que nos chamem de palhaços e ignorar essas manifestações absurdas”, destaca.

Aline Röhrig (PT) disse que sentia vergonha de ocupar uma cadeira no Legislativo numa situação como essa. “Nossa imagem foi man­chada. O que aconteceu é uma falta de respeito. Me elegi com uma proposta inovadora de fazer política e não posso apoiar essas atitudes”, finaliza. Edelgard Luersen (PP) observou que o Legislativo perdeu a au­tonomia. “O nosso colega foi perseguido por criticar o trabalho da administração. Quem decidiu pela cassação foi o prefeito e tivemos que acatar. Não precisaríamos ter chegado a esse ponto, se tivéssemos nos reunido e discutido o assunto. Faltou comunicação. Não fomos consultados para decidir”, afirma.

Rodrigo Wommer (PP) lamentou que o processo tenha ocorrido no ano em que preside o Legislativo. “Preciso colocar ordem na casa e entendo que tomamos a decisão certa”, defende.

Entenda o caso

Na sessão do dia 10 de junho, Bruch criticou o secretário de Obras, Carlos Castro com pa­lavras chulas.

Contudo, no dia 17 de junho, o secretário apre­sentou ao Legislativo um processo de ética para julgar as manifestações do vereador. Quando o presidente da câmara Rodrigo Wommer re­cebeu o processo, foi nomeada uma comis­são composta por três vereadores sorteados no mesmo dia: Lairton Heineck (presidente), Ivo Pavi (secretário) e Aline Röhring (relatora). A se­guir iniciou-se a votação e sete vereadores opta­ram pela instauração do processo de cassação.

Uma semana depois, a comissão entregou o pro­cesso a Bruch que teve dez dias para reunir pro­vas em sua defesa. No fim do prazo, o acusado entregou sua defesa para a comissão avaliar e esta entendeu que as provas apresentadas pelo vere­ador eram insuficientes, prosseguindo com o pro­cesso de cassação.

A seguir foram ouvidas as dez testemunhas de defesa a que Bruch tinha direito, além dele e de seu advogado em uma sala da câmara. Após, a comissão decidiu con­tinuar com o processo e pediu ao presidente do Legislativo que con­vocasse a sessão de julgamento, na qual todos vereadores tiveram o direito de voto.

Perseguição política

Para Bruch e seus advogados de defesa, a cassação é fruto de perseguição política por parte da administração. “Tenho opinião própria e quando algo não está bem, reclamo como foi no caso das estradas. Isso desagradou alguns dos meus colegas. Mas entendo que fiz o certo, pois temos que atender igualmente a todos e não favorecer apenas nossos eleitores”, defende-se o vereador.

Quanto às ofensas dirigidas ao secretário de Obras, o chamando de “chifrudo”, diz que apenas o fez rebatendo as críticas sofridas. “Ele me chamou de louco porque eu era o único que reclamava dos serviços prestados pela prefeitura. Mas o número de pedidos e ofícios encaminhados em 2010 (620) demonstra a insatisfação dos moradores com o trabalho do secretário”, argumenta.

Cascalho na câmara

Durante a sessão de julgamento, o um dos filhos de Bruch colocou uma pedra em frente à câmara em forma de protesto pela má qualidade das estradas do município. Segundo o verea­dor, ele repetiu o que o atual vice-prefeito, Rubens Heineck, fez quando era vereador. “Como forma de protesto pelas péssimas condições da estrada ele levou um casca­lho de 35 quilos para a câmara”, destaca.

“Meu filho será o meu sucessor”

Bruch garante que mesmo tendo o mandato cassado, não abandonará a política. “Meu filho será meu suces­sor na câmara nas próximas eleições, caso não consiga reverter esse caso. Não me elegi pensando no salário, mas sim para representar a população e era isso que estava fazendo”, destaca.

Ele deve permanecer no partido no qual se elegeu duas vezes. No primeiro mandato conquistou 141 votos, sendo o sétimo mais votado, e no segundo, em 2008, aumentou esse número para 228 – o segundo da atual legislatura.

Mesmo afastado pelos colegas, Bruch avisou que recorrerá da decisão na Jus­tiça. Ele alega ter imunidade e que há falhas no decorrer da ação. “Podem ter me cassado, mas não podem me calar. Voltarei para continuar defendendo os interesses do povo. Espero que ele trabalhe agora, já que não será mais incomodado por mim”, finaliza.

Bruch garante que está tranquilo e adianta que seu filho disputará a próxima eleição. “Serei bem repre­sentado na próxima campa­nha”, avalia. Ele questiona o posicionamento da comissão processante. “Espero que a comissão se empenhe para melhorar a Secretaria de Obras assim como se em­penhou no meu processo”, provoca.

A partir de amanhã, assu­me o primeiro-suplente do Partido Progressista, Luiz Paulo Lucian.

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