Administração repudia área que doou ao estado

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Administração repudia área que doou ao estado

Contrariedades entre prefeitura, estado e autoridades da segurança pública da região esquentaram as reuniões na quarta e quinta-feira desta semana. Ter uma nova casa prisional na cidade foi a discussão. O maior pro­blema foi a área destinada à construção.

O município que anos atrás doou ao estado uma área no bairro Santo Antônio para evitar a per­da da verba federal de R$ 16 mi­lhões, agora é contra a construção nesse local. Os representantes têm dúvi­das e mesmo sem respostas as usam como justificativas.

A administração receia que o atual presídio continue em funcionamento, quando o novo for construído, e que a obra do prédio fique emperrada. Uma ação mo­vida pelo Ministério Público Federal (MPF) paralisou as obras no ano passado e permanece na Justiça.

Do lado oposto, estão as pessoas que trabalham com a penitenciária, que sofrem, assim como os presos, com a superlotação. Eles querem um presídio na cidade e mobilizam-se para isso.

presidioNa quarta-feira à tarde, sete autoridades de Lajea­do encontraram-se em uma audiência pública em Porto Alegre. Três pessoas eram do Executivo (prefeita, assessor jurídico e secretário da In­dústria e Comércio) e quatro eram lideranças envolvidas com a segurança pública (promotor, presi­dente do Conse­lho da Comuni­dade Carcerária, administrador do presídio e presidente Associa­ção Lajeadense Pró-Segurança Pública).

Nesta audiência – exclusiva para empresários, mas que teve presenças locais – foi anunciada a construção de cinco penitenciárias no estado, um total de 2,6 mil novas vagas no regime fechado e 676 no semiaberto.

Lajeado foi apresentado pelos secretários estaduais como uma dúvida na lista de obras, por entender que a administração municipal é contra. O diretor do Departa­mento Estadual de Planeja­mento, Projetos e Convênios, Antônio Carlos Padilha, al­finetou o Executivo dizendo que os moradores são a favor e que falta apenas que mostre interesse na área.

Quinta-feira, um novo encontro foi realizado na Univates. Representantes do estado vieram para a cidade e foram aguardados por mais de 20 lideranças locais. Ocorreram discus­sões entre partes opostas e o principal objetivo era definir onde será construído o novo presídio da região, que novamente foi adiado.

Terça-feira, às 19h, morado­res dos bairros Santo Antônio, Nações e Jardim do Cedro es­tão convidados a participarem de uma audiência pública na escola estadual Ciep, do bair­ro Santo Antônio. Moradores terão oportunidade de opinar sobre a construção na área e apresentar suas contrapro­postas ao estado, assim como o município.

Críticas ao estado

O procurador federal, Nilo Marcelo de Almeida Camargo, criticou o estado. Ele diz que o atual governo desrespeitou critérios e os moradores próximos da área de construção da penitenciária. Ele afirma que para o processo da duplicação da BR-386 foram ouvidos moradores de Fazenda Vilanova e outros municípios por onde passa a rodovia.

Uma bomba-relógio constante

O Presídio Estadual de Lajeado é considerado uma bomba-relógio pelos órgãos da segurança em todo o estado. Inseguro pela superlotação e pela defa­sagem de agentes trouxe à tona consequências de suas condições.

Em 2007, presos incen­diaram o albergue e foram transferidos para um giná­sio sem segurança no centro da cidade. O Conselho da Comunidade e prefeitura uniram verbas e construí­ram um novo espaço.

Em 2008, a penitenciária foi parcialmente inter­ditada pelo juiz da Vara de Execuções Criminais, Rudolf Reitz. O juiz proibiu a transferência e suspendeu o ingresso de novos presos condenados no regime fechado. No mesmo ano, houve uma tentativa de resgate de presos com troca de tiros entre presidiários e Brigada Militar (BM).

Em 2009, a BM estadual encontrou drogas, celulares e armas brancas no presí­dio. Dias depois, agentes penitenciários encontraram explosivos em uma cela.

Em abril deste ano, o mesmo juiz teve que soltar mais de 20 presos sem con­denação porque a superlo­tação excedeu mais de 210 presos. As celas feitas para abrigarem de seis a oito apenados tinham 22.

Sucateamento da penitenciária

O prédio do Presídio Estadual de Lajeado tem quase 50 anos. Neste período passou por duas reformas. As vagas são para 122 presos, mas desde o início o local sofre com superlotação de mais de 300. Toda região manda presos para a cidade, mas o maior número ainda é de Lajeado.

Sua estrutura inicial permanece a mesma, mas a área foi agregando novos prédios, como um albergue, muros, canil e galerias. Se os mesmos presos que vivem no atual forem transferidos para nova penitenciária e os detentos que estiverem em casas prisionais vizinhas pedirem para voltar, mais da metade da capacidade do novo estará comprometida.

Por que o Executivo se opõe à área

Receio de ter duas penitenciárias na cidade;

Ação ainda não está finalizada;

Porque ficará em área urbana;

Acredita que haverá novamente superlotação;

Por que é necessário ter um novo presídio

Superlotação excede 210 presos;

Porque a maioria dos presos é de Lajeado;

Para amenizar a sensação de impunidade;

Evitar mais solturas de presos;

Para o atual ser desativado;

Aumentar a segurança da penitenciária;

Ter ambiente moderno e capaz de ressocializar os presos;

Reduzir índices de criminalidade, com a possibilidade de aumento de efetivo policial;

Receber os recursos que o estado oferece em contrapartida;

Facilitar o trabalho de agentes penitenciários que precisam rema­nejar presos;

Porque o bairro Santo Antônio poderá solicitar mais atividades educativas e recreativas.

Prédio atual será destinado à segurança pública

Mesmo sem uma posição de­finida, o município pensa em alternativas de ocupar o atual prédio, se o estado devolver. A intenção é destiná-lo a outro setor da segurança pública. Os mais cotados são o Corpo de Bombeiros, 22º Batalhão da Brigada Militar ou Defesa Civil.

Outras cidades de portas abertas

Marques de Souza, Teutônia e Santa Clara do Sul estão disponí­veis para conversar sobre instalação do novo presídio em suas cidades. Conforme lideranças, o prefeito Paulo Kohlrausch tem uma área no interior de Santa Clara do Sul, mas em contrapartida quer asfalto na rua que dá acesso ao local.

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